
Ode ao Senhor das Terras Raras
Os metais de Terras Raras constituem grupo de dezessete elementos químicos que ocorrem nos mesmos minérios, apresentando propriedades físico-químicas semelhantes. Inicialmente isolados sob a forma de óxidos, receberam a denominação “terras” e, por estarem presentes em minerais oriundos da Escandinávia, e de difícil separação, foram considerados "raros", daí resultando a denominação "terras raras", ainda hoje utilizada, apesar de alguns serem abundantes na composição crustal da Terra. Macios, maleáveis e dúcteis, geralmente reactivos, especialmente a temperaturas elevadas, ou quando finamente divididos, variam de cinza escuro a prateado. Suas propriedades físico-químicas garantem-lhes ampla variedade de aplicações tecnológicas, que vão da constituição de catalisadores à produção de materiais luminescentes e magnetos, bem como, em supercondutores, magnetos miniaturizados, catalisadores para refinamento de produtos diversos, componentes para carros híbridos e tubos de raios catódicos para televisores e computadores. Em Geologia, a determinação de sua concentração permitindo determinar a fonte dos magmas que constituem as rochas ígneas e a datação de alguns minerais, entre os quais os que constituem as granadas. Motivos, portanto, mais que suficientes para terem se tornado excitante área de pesquisa.
Osvaldo Antônio Serra, um dos primeiros cientistas brasileiros a se envolver com estes metais raros no Brasil, é, atualmente, um ícone neste campo de estudo. Liderando um dos grupos mais produtivos do país, trabalha no desenvolvimento de novas técnicas sintéticas, e estudos fotofísicos (luminescência e tempos de vida), de materiais contendo terras raras e/ou macrocíclicos, estruturalmente relacionados à Porfirinas, Ftalocianinas e seus complexos metálicos. Este grupo, envolvido na incorporação dos mesmos em matrizes organicoinorgânicas, através do processo sol-gel e suas adaptações, realiza estudos da viabilidade dos compostos sintetizados, caracterizados como luminóforos, e aplicações em sistemas biológicos em particular na Terapia Fotodinâmica (PDT).
Ao longo de sua dinâmica e profícua carreira científica, Serra, e colaboradores, publicaram quase duas centenas de manuscritos indexados. Orientador de 45 teses e dissertações, apresenta 1141 citações pelos seus pares, e índice h=19, tal como aferido pelo Web of Science. Reconhecendo seu pioneirismo e sua relevante contribuição para o conhecimento teórico-prático destes elementos, o 4º Encontro Nacional sobre Terras Raras (Aracaju) fez justa homenagem a este “senhor” das Terras Raras, que as tornou, de “nunca d’antes conhecidas”, em amplamente desbravadas. Ode, aplausos e reconhecimento a este cientista, portanto.