Onde fica, no cérebro, a felicidade?

Onde fica, no cérebro, a felicidade?

Felicidade. Experiência subjetiva, com significado especial para os humanos. Estudiosos e pesquisadores, antigos e modernos? Benthan e Kahneman, estudiosos do assunto, argumentam que felicidade é o objetivo último da vida. Outras perspectivas? Estudos psicológicos, fortemente influenciados por fatores genéticos, consistindo de componentes emocionais (vivenciar menor desprazer) e cognitivos (avaliar a própria vida como boa), que mensuram, válida e fidedignamente, a felicidade. Entretanto, poucos são os estudos que investigam a localização da felicidade no cérebro, bem como, por que algumas pessoas, e outras não, são felizes, e em qual intensidade. Estaria a felicidade, então, ligada a algum substrato neural específico? Se sim, ou não, o que muitos perguntam? Onde se esconde a felicidade?

            A resolução dessa questão motivou pesquisadores japoneses, da Universidade de Kyoto, a empreenderem estudo original no qual imageamento baseado em ressonância magnética estrutural foi relacionado com questionários que avaliavam a felicidade subjetiva, bem como, a intensidade das experiências emocionais positivas e negativas e o propósito de vida. Os participantes (51 voluntários, com idade média de 23 anos) foram submetidos às escalas de felicidade subjetiva (usada para medir a felicidade subjetiva global) e de intensidade emocional (usada para avaliar a intensidade das emoções positivas e negativas), bem como, o teste de propósito na vida (usado para avaliar o componente cognitivo da felicidade) e o inventário de traços de ansiedade (usado para medir traços e estados associados com ansiedade) para que seus escores, posteriormente, fossem correlacionados com seus parâmetros individuais de volume de matéria cinzenta.

            Paralelo a isso, imagens de ressonância magnética funcional foram usadas para identificar as regiões cerebrais, em especial o volume de matéria cinzenta, associados com felicidade subjetiva e com intensidade de emoções positivas e negativas e escores de propósito na vida. As análises do imageamento estrutural revelaram que o escore de felicidade subjetiva foi associado com um aumentado volume da matéria cinzenta, numa região do lobo parietal denominada pré-cúneos, área esta que sempre é ativada quando nos sentimos felizes. Além disso, a mesma região mostrou uma associação com intensidade emocional positiva e negativa combinadas e com escores referentes a propósito na vida.

Em outras palavras, o estudo convincentemente revela que, embora a felicidade varie de pessoa a pessoa em função, obviamente, de seus escores médios na escala de felicidade total, há algo comum a todas elas, independente do sexo, da idade ou da crença religiosa: quem alcança escores mais elevados de felicidade é também aquele que revela um volume maior de massa cinzenta naquela pequenina zona do córtex cerebral: o pré-cúneos. Esses substratos neurais, de fato, mediam a felicidade subjetiva, integrando os componentes cognitivos e emocionais da felicidade.

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