
Ordem de nascimento e inteligência
Recentemente, a Folha de São Paulo, o Jornal Nacional e o programa Fantástico da Rede Globo deram longos destaques a uma pesquisa, realizada na Noruega, a qual tentava explicar a relação entre ordem de nascimento e inteligência, tal como mensurada por testes de QI.
A pesquisa tão amplamente comentada nestas mídias, falada e escrita, procurou analisar a interação entre as ordenações, social e biológica, de crianças criadas dentro de uma mesma família. Por exemplo, algumas crianças crescem em famílias com um ou dois irmãos mais velhos já falecidos e outras crescem em famílias em que nenhum dos irmãos tenha falecido. Logo, estas crianças têm ordenações, social e biológica, bem diferentes. Uma criança que ocupa a segunda posição na ordem de nascimento numa família na qual nenhuma criança tenha falecido, certamente, ocupa a segunda posição na ordem de nascimento tanto social quanto biológica.
Por outro lado, numa família composta por três crianças, a qual aquela do meio já esteja falecida, a última delas ocupa a segunda posição na ordem social e a terceira na ordem biológica. Do mesmo modo, numa família composta por quatro crianças, das quais as duas do meio já tenham falecido, a última ocupa a quarta posição na ordenação biológica, mas é a segunda na ordenação social. Os irmãos ordenados em termos sociais, independente de sua ordem biológica, possuem QI (s) iguais aos primogênitos. Irmãos na posição de terceiro filho biológico que crescem como sendo o segundo irmão mais velho têm escores de QI (s) próximos àqueles de segunda ordem, mas cuja família não teve qualquer irmão falecido.
Na verdade, este estudo revela que a relação entre ordem de nascimento e o escore de QI é dependente da ordenação social na família e não da ordem de nascimento como tal. E isto a mídia esqueceu-se de comentar.