Os desafios de estudar o Amor (11): Cultura e Relacionamentos

Os desafios de estudar o Amor (11): Cultura e Relacionamentos

                    De modo geral, toda cultura impacta a experiência de amor dos que vivem sob ela. Cultura pode influenciar o “como” e o “quão” rapidamente as pessoas se apaixonam, bem como, de forma estas vivenciam o amor. Exemplos disso? Nos Estados Unidos, os chineses americanos experienciam níveis mais elevados de amor compassivo do que os europeus americanos. Por sua vez, os habitantes das Ilhas do Pacífico são mais prováveis de experienciarem amor companheiro. E, ainda, em alguns casos, europeus americanos vivenciam amor compassivo de forma mais intensa do que os chineses americanos. Pessoas de diferentes nacionalidades, quando questionadas se estavam atualmente apaixonadas, assim responderam: russos foram os que mais responderam que estavam apaixonados no momento (62%); americanos responderam o estar moderadamente (58%); e japoneses foram os que responderam o estar em menor proporção (52%). Por adição, também foram encontradas diferenças culturais influenciando se alguém, de uma dada cultura, consentiria desposar outra pessoa que queriam como parceira, mesmo não a amando. No Paquistão e na Índia, quase metade dos participantes afirmou que eles poderiam se imaginar desposando uma pessoa que não amassem. No Japão, a porcentagem das pessoas que concordariam com este tipo de união foi muito inferior (2%) e, nos Estados Unidos, foi de 4%. O que significa isso? Significa que cultura interage com relacionamentos. Em outras palavras, significa que ninguém pode entender completamente os relacionamentos íntimos, ou afetivos, sem entender o contexto cultural nos quais eles estão inseridos.

                Assim considerando, em contexto de relações pessoais, quais fatores influenciam alguém se sentir atraído por outrem? Estudos sobre o assunto afirmam que o inicio de muitos relacionamentos advém da atração. Pessoas sentem-se atraídas umas pelas outras por razões diversas, o que as leva a relacionamentos de amizade, profissionais, namoros ou romances. Nestes casos, a proximidade é o modo mais tradicional e promissor para encontrar o Amor. É “olhar” ao redor imediato, como, por exemplo, para amigos com quem vivem ou trabalham próximos, verificando que, estes, por estarem mais acessíveis, conversam e as encontram mais, trocando mais ideias e interações, o que, em conjunto, exerce uma influência significativa sobre quem elas acabarão gostando e, até mesmo, amando e desposando na vida. Também a familiaridade, fenômeno psicológico no qual as pessoas preferem algumas coisas em detrimento de outras simplesmente porque elas são mais familiares, aplica-se ao gostar de outras pessoas. Pessoas que moram próximas, ao se tornarem familiares, podem estabelecer entre si um sentimento de maior atração mútua.

                Por sua vez, a similaridade, conceito amplo que pode ser aplicado à quase todas as coisas (semelhança, etnia, atitudes, status socioeconômico, inteligência, nível educacional e a muitos outros atributos), é quase sempre algo positivo, embora, algumas vezes, seja mais importante num contexto do que em outros. Explicamos: estudos têm revelado que quando duas pessoas têm traços de personalidades similares, elas permanecem muito melhor juntas com a outra e têm um casamento muito mais feliz. No caso, as pessoas estimam suas primeiras interações com outros como muito mais prazerosas quando suas características de personalidade são similares. O mesmo também sendo verdadeiro para suas atitudes e crenças. Um exemplo? Quando conhecidos conversam sobre política, religião, literatura, ciência, temas sociais, e afins, é sempre muito bom encontrar outros compartilhando as mesmas ideias e concepções. Entre duas pessoas, quanto mais uma tem em comum com a outra, mais provavelmente elas se gostam entre si.

                Também a reciprocidade, encontrada quando pessoas se gostam mutuamente, faz com que ambas se sintam bem ao demonstrarem que, em conjunto, todas se apreciam e se amam. Neste caso, a reciprocidade deve ser sincera, em especial quando se trata de consideração em relação aos seus atributos cognitivos, afetivos, comportamentais e de personalidade. Esta última, sendo algo que muitas pessoas dizem ter sido o que a atraiu para um dado parceiro(“Foram as características de personalidade do mesmo.”) mostra que, embora, no início, uma pessoa possa ser atraída pela aparência de outra, em algum momento a interação com aquela pessoa se tornará frágil e monótona caso não tiverem sido atraídas pela personalidade de ambas como um todo. A aparência física, grande fator na atração interpessoal, é, de certa forma, o fator mais significativo influenciando a excitação imediata sentida por um casal. Não necessitando de muito tempo para ser avaliada, direciona para outro aspecto importante: a idéia de beleza que varia entre culturas. Neste caso, casais, amantes e companheiros são mais prováveis de terem um nível similar de atratividade. Porém, em muitos outros casos, falta de atratividade pode vir a ser compensada por outros fatores, tais como dinheiro ou fama.

Logo, proximidade, familiaridade, similaridade, reciprocidade e personalidade são fatores que desempenham papéis importantes nos relacionamentos. Geralmente, uma pessoa prefere estar junto, e permanecer, com um parceiro que seja similar a ela a estar com alguém que represente um oposto seu em muitos níveis. É a cultura influenciando o modo como nos relacionamos uns com os outros.

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