Os desafios de estudar o Amor (4): Responsividade Comunal como Amor

Os desafios de estudar o Amor (4): Responsividade Comunal como Amor

Conforme Karin Sternberg, em Psychology of Love (2014), a pesquisadora Margaret Clark conceitualiza Amor de uma maneira bastante diferente daquelas que têm sido conceituadas por outros pesquisadores que se desafiaram a estudar o Amor. Ela sugere que o Amor existe quando as pessoas mostram consistente responsividade comunal um com o outro. O que é responsividade comunal? Uma pessoa exibe responsividade comunal quando ela observa o bem-estar, as necessidades e os desejos do outro, bem como, quando tenta ajudar e apoiar o outro. Assim considerando, uma pessoa cuida profundamente de outra e exibe sinais de empatia, conectividade e intimidade. Esta experiência ocorre sem que o doador espere algum retorno em troca. O foco estando enquadrado no outro, embora haja uma confiança implícita de que a outra pessoa tomará conta do doador se este, eventualmente, chegar a precisar de ajuda. Este sentimento de ausência de expectativa de receber alguma coisa em particular é o que caracteriza o relacionamento comunal.

Relacionamentos desse tipo têm duas faces, todavia, no desejo recíproco para valorizar as necessidades do outro sem esperar nada em troca. Nesse sentido, tal forma de Amor pode ser contrastada com um relacionamento de troca, em que há tal expectativa. Nesta concepção, o relacionamento comunal bem-sucedido é aquele que envolve ser sensível às necessidades do parceiro, ajudando-o e apoiando-o sem esperar recompensa imediata, tornando-se confortável que algum deles possa oferecer e compartilhar objetivos e necessidades, estando seguro de que alguém realmente será apoiado em momento de necessidade. Um relacionamento desse tipo pode levar ao crescimento pessoal bem como aumentar a saúde física e mental de ambos. A responsividade comunal também pode tomar diferentes formatos. Um é ajudar uma pessoa que necessita de assistência. Outro, é ajudar uma pessoa quando ela está tentando atingir um objetivo. Um terceiro é a colaboração com um parceiro para fazer alguma coisa que é benéfica para uma ou ambas as pessoas, tais como reformar uma casa juntos ou planejar um final de semana em comum. Outra expressão é a exibição de comportamentos de carinhos quando o parceiro comete algum erro.

Em todos os casos de responsividade, o foco está no receptor e não no doador. As ações auxiliando o receptor com conforto e apoio. A aceitação de uma oferta de ajuda sendo, portanto, uma parte significativa da responsividade comunal, como o é agradecer o doador. A responsividade comunal é mostrada em muitas situações diferentes. Pessoas essencialmente mantêm uma hierarquia implícita, na qual, quanto mais alto uma pessoa se localiza nessa hierarquia, tanto mais responsividade ela mostrará. Os mais altos na hierarquia são usualmente os cônjuges e as crianças, seguidos dos amigos. Nos níveis inferiores estão os vizinhos, muitos deles não sendo particularmente próximos. A hierarquia tem a forma de um triângulo, com pouquíssimos relacionamentos no topo e progressivamente mais quando você desce a hierarquia. Obviamente, uma das poucas pessoas no topo da hierarquia de alguém representa um relacionamento diferente de estar próximo à base. Posição provavelmente compartilhada com muitos outros.

Finalmente, é bom que se diga que, frequentemente, na vida, expectativas e realidades não correspondem. A quantidade de responsividade que uma pessoa poderia idealmente mostrar e a quantidade que ela realmente mostra diferem. Assim sendo, ao avaliar o grau no qual as pessoas sentem-se amadas, a responsividade atual parece ser mais importante do que o nível ideal de responsividade.

 

Foto: Karolina Grabowska por Pixabay

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