
A percepção da imagem corporal
Final
de ano e início de outro. Mesa farta, muita chuva e pouca caminhada. E a imagem
corporal, como vai? Certamente alguns quilos a mais. Mas será que percebemos
precisamente nossa imagem corporal? Culturas ocidentais, enfatizando a fina
silhueta, denigrem o excesso de peso, estereotipando os indivíduos obesos. Neste
contexto, evidências indicam que obesidade e imagem corporal negativa são,
comumente, associadas, embora nem todo obeso seja igualmente vulnerável a isso.
Tratamentos para redução de peso, usualmente, envolvem busca da melhoria da
imagem corporal. Para tanto, programas de controle de peso necessitam de
constantes intervenções na percepção desta imagem. Mas o que é imagem corporal?
Construto multidimensional, reclama mensuração tanto de satisfação subjetiva,
quanto dos componentes afetivo, cognitivo, comportamental e perceptual.
Nos últimos anos, variadas técnicas
têm sido desenvolvidas para avaliar estes diferentes aspectos e, mais notadamente,
os distúrbios de imagem corporal, definidos como quaisquer alterações que
estejam, diretamente, envolvidas com a percepção de, pelo menos, um aspecto da aparência
física. Fato este que leva a avaliação que jovens têm de seu próprio corpo
gerar interesse tanto pelas desordens alimentares, quanto pela epidemia de
obesidade. Estudo recente, investigando a percepção do tamanho corporal em
pré-adolescentes, usando o método de descritores verbais e de emparelhamento
visual, examinou as associações entre o tamanho corporal real e o percebido.
No primeiro, foi perguntado aos
participantes “Você acha que o seu corpo é extremamente magro, muito magro,
adequado, muito gordo ou extremamente gordo?”. No segundo, foi solicitado aos
participantes que identificassem a silhueta que mais se assemelhava ao seu
corpo. Os resultados revelaram associações moderadas entre o tamanho corporal
percebido e o real, em ambos os métodos. Mas, houve um viés consistente em
direção à subestimação. Usando o emparelhamento visual, a maioria dos
participantes (45%) subestimou o tamanho de seu próprio corpo. Com esta
subestimação sendo maior nos participantes de maior índice corporal, bem como,
com o sexo feminino sendo mais acurado que o masculino, mas, com as
participantes de maior peso sendo menos acuradas que todas desta categoria.
Usando a escala verbal, a maioria registrou que seu tamanho corporal era ideal,
independente de seu peso corporal, não existindo registro de diferenças entre
sexo.
Tomados em conjunto, estes dados
indicam que os participantes podem estimar, por si próprios, sua imagem corporal,
mas o grau de precisão é mediado pelo peso corporal dos mesmos, com
participantes magros superestimando a própria imagem e participantes mais
pesados, especialmente mulheres, subestimando a imagem corporal. Neste 2014
cuide da sua imagem corporal, pois, ela espelha sua saúde.