
Percepção de distância em ambiente real e virtual
Postado em 18 de Abril de 2014 às 18:04 na categoria Percepção e Psicofísica
Imagine-se numa sala “real” e caminhe em direção a variados objetos, dispostos em diferentes lugares na mesma. Imagine-se agora nesta mesma sala, mas, desta vez, “virtual”. Quão acurada seria a distância percebida nestes cenários? Ambientes virtuais são importantes para treinar novas habilidades, particularmente, em casos em que treinamentos em ambientes reais podem ser arriscados ou perigosos, sendo, por exemplo, empregados em treinamentos de bombeiros, médicos e militares. Baseado no artigo que colaboradores e eu publicamos no Journal of Experimental Psychology, de 1992, pesquisadores têm formulado duas questões: (1) Quão bem a percepção num ambiente “virtual” corresponde à percepção num ambiente “real”? e (2) Como a experiência num ambiente “virtual” afeta a subseqüente percepção num ambiente “real”, e vice-versa? Experimentos recentes tentaram responder ambas as questões, examinando como as pessoas percebem distância em ambiente “real” e “virtual” antes e depois de terem vivenciado cada um destes ambientes. Num destes experimentos, os participantes estimaram quanto tempo levariam para alcançar alvos posicionados a 20, 40, 60, 80, 100 e 120 pés distantes deles. Instruídos a fecharem os olhos, aos participantes solicitou-se acionar um cronômetro, imaginando caminhar em direção ao alvo, interrompendo tal acionar ao entenderem ter atingido este. Tal solicitação ocorreu em ambiente real, assim como, virtual. Em outro experimento, no ambiente real, os participantes foram instruídos a fechar os olhos e caminhar, de fato, em direção a um alvo, parando quanto este fosse alcançado. No ambiente virtual, o procedimento era o mesmo, exceto que os participantes deveriam “imaginar” que estivessem caminhando em direção ao alvo, parando um cronômetro quando eles “imaginarem” já terem alcançado o alvo.
Considerando todas as situações experimentais acima, os participantes estimaram distâncias numa das seguintes condições: (a) ambiente real seguido do virtual, (b) ambiente virtual seguido do real, (c) ambiente real antes e depois e (d) ambiente virtual antes e depois. As primeiras estimativas foram, significativamente, mais acuradas no ambiente real que no virtual. Quando o segundo ambiente foi igual ao primeiro ambiente (real-real, virtual-virtual), as segundas estimativas também foram mais acuradas no ambiente real do que no virtual. Quando o segundo ambiente diferia do primeiro ambiente (real-virtual, virtual-real), a segundas estimativas não diferiram, significativamente, entre os dois ambientes. O mesmo padrão de resultados ocorreu quando os participantes caminharam, olhos vendados, no ambiente real e imaginaram o quanto deveriam caminhar aos alvos no ambiente virtual. No geral, os dados sugerem que a memória desempenha importante papel na percepção de distância.