
Percepção de perigos no trânsito
Dirigir seguramente envolve aprender, e manter, diferentes habilidades
perceptuais e cognitivas complexas, nestas incluindo identificação rápida e
precisa de eventos perigosos no ambiente de trânsito. No contexto de dirigir, a
percepção de perigos é definida como a habilidade dos indivíduos para antecipar
situações potencialmente perigosas nas rodovias, pois, dirigir é determinado
pela cognição, visão e função motora. Esta é reconhecidamente importante nos motoristas
iniciantes, usualmente, mais propensos aos riscos de colisões devido à
inexperiência. Déficits na percepção de perigos têm sido identificados tanto em
estudos de laboratório quanto em comportamentos nas rodovias, atribuídos aos
inexperientes e empobrecidos modelos mentais dos motoristas iniciantes,
remediáveis por treinamento.
Testes de percepção de
perigos têm, atualmente, grande importância, pois, tornaram-se obrigatórios,
incluídos no processo de habilitação no Reino Unido e Austrália, e sua validade
demonstrada por meio de correlações com os riscos de batidas ou colisões
fatais. Estes testes apresentam, em vídeos curtos, cenários de trânsito nos
quais observadores indicam a presença de conflitos de tráfego que levam a
colisão entre o veículo “câmera”(aquele que o motorista está dirigindo) e o de
outro usuário. Um conflito no trânsito foi definido como uma situação que
requer que o motorista, no carro câmera, aja desacelerando, parando ou virando
para evitar colisão com outro carro, ou objetos estacionários. Exemplos são
veículo à frente brecando, incursão repentina de um pedestre e equipamentos de
construção nas pistas. As principais medidas obtidas são a acurácia e o tempo
de reação para vários cenários potencialmente perigosos vistos enquanto
dirigindo.
Diversos dados
experimentais, envolvendo estes cenários, revelaram: (1) motoristas jovens
foram significativamente mais lentos em responder aos perigos que os mais
experientes, (2) respostas aos perigos discriminaram entre motoristas
iniciantes e mais experientes, (3) motoristas mais jovens omitiram mais perigos
que os mais experientes, (4) motoristas adultos demonstraram melhor
reconhecimento de perigos que os adolescentes, (5) parte dos motoristas
adolescentes fracassou em não se engajar em tarefas periféricas na presença de
perigos, (6) motociclistas habilitados desempenharam melhor que os sem
habilitação, (7) aprendizagem melhorou linearmente a percepção de perigos para
motociclistas habilitados, mas não aos sem habilitação e (8) a percepção de
perigos por motoristas com envolvimento prévio em acidentes foi menor que para
aqueles que não se envolveram em acidentes. Estes resultados têm amplas
aplicações no processo de habilitação, avaliação e treinamento de motoristas.