
Percepção de tamanho ilusório
Estimativas acuradas do tamanho de um objeto são essenciais para guiar nossas ações diárias, como, por exemplo, pegar uma xícara de café ou atravessar uma porta. Não obstante, o tamanho percebido de objetos não depende apenas de seu tamanho físico, mas também, do contexto nos quais aparecem. As ilusões de tamanho surgem quando os contextos interagem com nossa percepção dos objetos conduzindo a julgamentos errôneos de seus tamanhos. Isto ocorre, por exemplo, nas ilusões visuais de Ponzo (https://www.newworldencyclopedia.org/entry/Ponzo_illusion) e de Ebbinghaus (https://www.newworldencyclopedia.org/entry/Ebbinghaus_illusion). Na de Ponzo, dois objetos de tamanhos idênticos parecem ter diferentes tamanhos quando colocados ao longo de linhas paralelas que parecem convergir quando retrocedem em distância. Na de Ebbinghaus, dois objetos de tamanhos idênticos são colocados um próximo do outro, mas um é rodeado por objetos maiores e o outro por objetos menores; o primeiro objeto central então parece menor que o segundo objeto central. Um contexto contendo pequenos objetos fazem o objeto central parecer maior e vice-versa. Estas ilusões não apenas enganam nosso sistema visual, mas também distorcem nossas ações, de modo que nosso movimento de preensão reflete seu tamanho percebido em vez de seu tamanho físico.
Estas configurações óptico-geométricas são valiosas, pois permitem investigar como o olho e o cérebro processam informação visual. Atividades no córtex visual primário refletem o tamanho percebido mais que o tamanho físico dos objetos, indicando envolvimento desta área cerebral na percepção de tamanho ilusório. Recente estudo (BMC Neuroscience, 2011, 12:6-9) investigou a extensão em que neurônios monoculares e binoculares, no sistema visual humano, estão envolvidos nestas duas diferentes ilusões. Dados foram coletados sob condições: monocular, dicótica e binocular. Para isso, os contextos espaciais foram apresentados para apenas um olho, e os objetos foram apresentados para o mesmo olho (monocular), ao olho oposto (dicótica) ou para ambos os olhos simultaneamente (binocular). Assim, experimentalmente, um objeto, e seu contexto espacial associado com a percepção de tamanho ilusório, poderiam ser apresentados juntos num olho ou separadamente nos dois olhos.
A Ilusão de Ponzo teve uma magnitude equivalente, independente de serem os objetos e contextos apresentados num mesmo olho, ou em diferentes olhos, indicando que ela, provavelmente, é mediada por neurônios binoculares. Contrastando, a Ilusão de Ebbinghaus tornou-se mais fraca quando os objetos e seus contextos foram apresentados à diferentes olhos, revelando o papel dos neurônios monoculares nas vias visuais. Portanto, os mecanismos neurais associados com tais ilusões diferem, e são mediados por diferentes populações neuronais.