
Percepção de tempo em exaquecosos
A
enxaqueca migrânea é considerada a segunda desordem mais comum em Neurologia.
Altamente prevalente, incapacita severamente a quem acomete, constituindo-se,
portanto, numa das razões mais comuns para visitas aos médicos e hospitalares.
Estudos recentes têm explorado mudanças nas funções cognitivas de enxaquecosos,
como, por exemplo, em diferentes tipos de enxaquecas que afetam o tempo
psicológico ou subjetivo do paciente. Isto porque o tempo subjetivo é uma
experiência interna de quão rapidamente o tempo passa, assim como, o mesmo tem
passado desde a ocorrência de um determinado evento. A experiência de tempo é
fundamental para processamento de informação, percepção, comportamento motor e
para fazer predições, sendo, cada um dos quais, extremamente importante na vida
dos seres humanos.
Em particular, incapacidade na
percepção de tempo pode levar a um fracasso na estimativa acurada da duração de
eventos e, por conseguinte, na vida de um indivíduo. Um exemplo? Ela afetará a
resposta de uma pessoa a um estímulo doloroso devido ao fato de a pessoa
estimar mal a duração do mesmo. Mas, como a percepção de tempo muda em função
da enxaqueca? Na vida diária, clínicos relatam que enxaquecosos percebem o tempo
passando muito rapidamente. Pelo fato de a emoção desempenhar papel crucial na
percepção de tempo, espera-se que emoções negativas resultem num deficit na
percepção de tempo dos enxaquecosos, uma vez que enxaqueca tem sido associada a
desordens do humor e do ânimo, nestes incluindo a depressão, a ansiedade, a
fobia e a dor. Empregando tarefa de reprodução temporal, pesquisadores
avaliaram a estimação da duração de estímulos visuais em pacientes
enxaquecosos, os quais foram comparados com pessoas saudáveis. Os estímulos
foram apresentados em diferentes intervalos ao longo de amplitudes temporais
dadas em milisegundos e em segundos: 600 mseg e 3seg, ou 5 seg, em ordem
aleatória. Os intervalos entre estímulos foram 1 ou 5 seg.
Na condição de um intervalo entre
estímulos de 1 seg e no intervalo entre estímulos de 5 seg, na tarefa de
reprodução da duração de 600 miliseg, os enxaquecosos mostraram incapacidade na
percepção de tempo, de maneira que, eles, significativamente, superestimaram a
duração, quando comparados com sujeitos saudáveis. Quando comparados com
sujeitos saudáveis na tarefa de reprodução da duração de 3 e 5 seg, os
enxaquecosos, na condição envolvendo intervalo entre estímulos de 1 seg e 5
seg, não mostraram prejuízo na percepção de tempo.
Globalmente, os dados indicaram que
não apenas a percepção de tempo é prejudicada nos enxaquecosos, como também,
que este prejuízo é exibido para durações envolvendo a amplitude de miliseg e
não para amplitudes envolvendo segundos. Todavia, os mecanismos neurais
subjacentes a estes prejuízos não têm sido completamente elucidados.