
Pesticidas organofosforados e o QI em crianças
Apesar de suas propriedades neurotóxicas, os pesticidas organofosforados (OP) são amplamente usados na agricultura e em muitos jardins domésticos. Estudos têm revelado os efeitos adversos destes pesticidas em ambientes de trabalho com altos níveis de exposição. Crianças podem ser expostas a um crônico, mas baixo nível de exposição devido a um uso doméstico contínuo, por viverem próximas de campos agrícolas ou aos resíduos alimentícios. Crianças são consideradas de alto risco à toxicidade do que os adultos, porque o desenvolvimento do cérebro é mais susceptível às neurotoxinas e pela dosagem de pesticidas por peso corporal mais elevada.
Estudos epidemiológicos sugerem que a exposição pré-natal aos pesticidas OP é associada ao desenvolvimento neurocomportamental mais pobre nos infantes e nas crianças pré-escolares. Exposição pós-natal também tem sido ligada a problemas comportamentais, memória a curto-prazo mais empobrecida, funções executivas, habilidades motoras e tempos de reação mais longos em crianças.
Poucos estudos têm examinado se a exposição crônica, em níveis reduzidos, a estes pesticidas pode afetar adversamente o desenvolvimento cognitivo das crianças. Um estudo, recentemente publicado na Environmental Health Perspectives (2011;4:1-33), revelou que esta associação é altamente prejudicial ao desenvolvimento das habilidades cognitivas nestas crianças. Para isso, os pesquisadores examinaram a exposição ao pesticida OP, mensurado através das concentrações do metabólito urinário dialquil-fosfato (DAP) coletado durante a gravidez, e das crianças nas idades de 6 meses, 1, 2, 3 ½ e 5 anos. Nenhuma mensuração de concentração urinária foi realizada na visita às crianças com 7 anos. Uma escala de inteligência aplicada em 329 crianças, então, com sete anos de idade foi usada para avaliar quatro diferentes domínios cognitivos.
As concentrações de DAP urinárias mensuradas durante a primeira (mediana de 13 semanas de gestação) e a segunda metade (mediana de 26 semanas) da gravidez tiveram relações similares com os escores cognitivos. As concentrações maternais médias de DAP foram associadas com escores empobrecidos nas habilidades de memória operacional, velocidade de processamento, compreensão verbal, raciocínio perceptual e no escore total da escala de QI nas crianças com a idade de 7 anos. As crianças no quintil mais elevado nas concentrações de DAP tiveram um déficit médio de 7 pontos de QI quando comparadas com aquelas no quintil mais baixo.Todavia, concentrações de DAP urinárias pós-natal não foram consistentemente associadas com os escores cognitivos das crianças aos 7 anos. Portanto, pré-natal, mas não pós-natal exposição aos pesticidas, foi associada com pobre desenvolvimento intelectual em crianças de 7 anos de idade vivendo em comunidades agrícolas.