
Premiação Explosiva
Em 1833, nascia em Estocolmo (Suécia) o homem que amaria, reconheceria e fomentaria os mais notáveis feitos em Ciência e Cultura em todo o mundo: Alfred Nobel. Aos 17 anos, já fluente em sueco, russo, francês, inglês e alemão, Nobel não menos se apaixonou por literatura e língua inglesa, como, também, por química e física. Trabalhando em Paris, veio a conhecer o jovem químico italiano Ascanio Sobrero, o mesmo que, três anos antes, tinha inventado a nitroglicerina.
Retornando à Suécia, buscou avançar no conhecimento da nitroglicerina, apesar da seqüência terrível de explosões causadas pela mesma, conseguindo, ao misturá-la com sílica, modificá-la do estado sólido para o pastoso. Colocada em forma de barras e patenteada, eis que se criava a dinamite. Era o ano de 1867. Vinte e nove anos depois, envolvido com a invenção do couro e borracha sintéticos, assim como, da seda artificial, Nobel viria a falecer. Mas, seu testamento revelaria algo tão explosivo quanto sua descoberta: a concessão de um prêmio, o Prêmio Nobel, que reconheceria, anualmente, profissionais da Física, Química, Fisiologia ou Medicina e Literatura, acrescidas, posteriormente, pela Paz, que houvessem, em suas respectivas áreas, contribuído com realizações significativas para a Humanidade.
Neste 2008, premiando, em Química, o estudo sobre proteína fluorescente, que atua como marcador genético e é tida como ferramenta básica nos laboratórios do mundo todo; em Física, as novas descobertas sobre as partículas básicas que constroem a matéria; em Medicina, a descoberta do vírus HIV nos anos 80 e, em Economia, a teoria que determina os efeitos do livre mercado, da globalização e das forças dominantes por trás da urbanização mundial, o Prêmio Nobel pontuou, sem sombra de dúvida, “explosões científicas” fundamentais para a melhor compreensão e desenvolvimento da espécie humana nos próximos séculos.
Entretanto, que o valor do prêmio não ofusque a explosão maior de que Nobel foi capaz, cujo estrondo ecoa até hoje: registrar, nada menos, que 355 patentes. Que explodem no céu da consciência científica brasileira como alertas vermelhos em relação ao “invisível” que esta vem conseguindo fazer.
Fazer destes alertas fogos de artifício, que espoquem em homenagem a cada patente que um brasileiro registrar, é um sonho possível. Em 1965, Howard Munford Jones, renomado pesquisador norte-americano, assim se pronunciou em relação ao conhecimento humano: “O problema central da nossa época, como o vejo, é como empregar a inteligência humana para a salvação da humanidade”. Quase meio século se passou e este problema continua. Não terá a ciência brasileira a sua forte explosão neste século? De algum lugar do universo consciente Nobel nos observa. Nobel continua nos aguardando. Certamente torce por nós.