
Professor: de fato, um herói nacional
Há muitos anos, eu ainda jovem, presenciei um discurso político de um, então, candidato à presidência do Brasil que, não por acaso, era professor. Homem de muitas palavras e de muitas letras. Sua campanha focava “Varre, varre, vassourinha, varre a corrupção”. Mas, o que me ficou marcado foi que, num dado momento de seu discurso, ele fez, e respondeu, a seguinte pergunta, “Quem é, de fato, um herói nacional? É o homem do campo, brasileiro”, complementando que este era o homem que plantava, e colhia, para o Brasil. Hoje, passados tantos anos, vejo que ele estava levemente equivocado. O verdadeiro herói nacional é o professor.
Mas o que é ser professor, hoje? O professor é um pesquisador. É aquele que dedica sua vida a ler, escrever, formular e testar hipóteses, ensinar, inovar, etc. Um dicionário inteiro de adjetivos. O professor, em essência, como dizem muitos psicólogos e pedagogos, é o mediador da aprendizagem. Profissional que, envolvendo-se no processo de aprendizagem, fomenta a busca por novos conhecimentos e, principalmente, que estes não impliquem a exclusão de outros conhecimentos, tampouco, da criatividade.
Entretanto, o exercício desse papel fundamental, e muitos outros, demandam, por demais, inúmeras habilidades cognitivas e uma inesgotável fonte de resiliência. Por que isso? Porque professores, dos quatro quadrantes deste país, do ensino básico ao ensino superior, submetidos que estão sendo a uma cruel jornada de trabalho, que não lhe faculta tempo para leitura, escrita, pesquisa e, nem mesmo, um curto tempo para a formação continuada de suas competências básicas.
Seus holeriths sendo, muito mais, um atestado de pobreza, não lhe permitindo, sequer, a própria subsistência e, tampouco, a aquisição de algum livro relevante em sua área de atuação. Mas, fazendo uso do atributo principal que o caracteriza, que é amar o ato de ensinar, inúmeras são as vezes em que usa dos seus minguados recursos para comprar giz e papel para levar a cabo o bom aprendizado de seus pupilos.
Ser professor, neste país, é ter a habilidade de transformar centenas de problemas que margeiam e gorjeiam seu alunato, nas escolas, em soluções. É inovar, continuamente, buscando atender às necessidades diárias de seus educandos. Ser professor é um compromisso com a vida, com a cidadania, com o amor ao próximo.
Assim, neste 15 de outubro, que é o seu dia, gostaria eu, também professor, de agradecê-lo. Agradecê-lo por, a despeito de suas inúmeras dificuldades, você, professor, continuar ensinando. Continuar a acreditar que o Brasil tem futuro. E que operações como a Lava Jato e similares consigam, realmente, dignificar postos públicos que, mais do que significar salários melhores, signifiquem trabalhar, com excelência, para a educação e bem-estar da população brasileira.
Estivesse eu no Comitê de concessão do Nobel, eu premiaria, sem dúvida, o professor brasileiro. Este, sim, é o herói nacional. Em seu dia, receba, sinceramente, o meu respeito, a minha boa acolhida e a minha eterna admiração.