Psicologia da Saúde Mental (13): Transtornos do Espectro Esquizofrênico

Psicologia da Saúde Mental (13): Transtornos do Espectro Esquizofrênico

Segundo os autores do livro Abnormal Psychology (Hooley et., 2021), esquizofrenia talvez seja o transtorno psicológico mais intrigante e incapacitante do ser humano. Condição clínica que melhor corresponde às concepções populares de loucura e insanidade, trata-se de um transtorno crônico, debilitante, que atinge praticamente todas as arenas da vida da pessoa afetada. Pessoas com esquizofrenia tornam-se progressivamente desengajadas da sociedade, fracassando em funcionar nos papeis que lhes são comumente esperados de estudante, trabalhador ou cônjuge, deixando, infeliz e usualmente, que seus familiares, e comunidades, tornem-se intolerantes com o comportamento frênico e desviante que provoca no acometido. De modo geral, a esquizofrenia ocorre em pessoas de todas as culturas e de todas as esferas da vida, sendo um transtorno caracterizado por uma diversidade de sintomas, nestes incluindo esquisitices em percepção, pensamento, ação, senso do ego e nas maneiras de se relacionar com os outros. Todavia, o marcante da esquizofrenia é a perda significativa de contato com a realidade, referida somo psicose.

Afetando quase 1% da população, com muitos casos iniciando-se na adolescência, ou no início da fase adulta, ocorre mais cedo nos homens do que nas mulheres. Nestes, os sintomas clínicos tendem a ser mais severos nos homens do que nas mulheres, com as mulheres alcançando melhor desfecho a longo-prazo. Segundo o DSM-5, esquizofrenia é a forma mais severa de doença mental, caracterizada por prejuízos e incapacidades em vários domínios. Seus sintomas mais característicos? Alucinações, delírios, fala desorganizada, comportamento catatônico e desorganizado, sintomas negativos, insensibilidade afetiva e isolamento social. Por sua vez, outros tipos de transtornos psicóticos, como o transtorno esquizoafetivo, o transtorno esquizofreniforme, o transtorno delirante e o breve transtorno psicótico, também são relevantes e incapacitantes. Como se caracterizam? A desordem esquizoafetiva é uma mistura de sintomas de esquizofrenia e sintomas relacionados aos humor e sentimentos. No transtorno esquizofreniforme, o quadro clínico é similar aquele da esquizofrenia, embora os sintomas não tenham, de modo geral, duração maior do que 6 meses para serem qualificados como esquizofrenia. Nos transtornos delirantes, delírios estão presentes, mas a pessoa pode, de algum modo, comportar-se normalmente. Por fim, a desordem psicótica breve costuma ter curta duração, envolvendo sintomas psicóticos de inicio repentino, fala desorganizada e comportamento catatônico. Embora a pessoa possa ficar muito incapacitada, a duração desta incapacidade é muito breve. A pessoa retorna ao seu nível de funcionamento normal dentro de poucos dias.

Tratamentos disponíveis? São aqueles que envolvem medicamentos específicos, bem como, tratamentos psicossociais, incluindo psicoeducação, treinamento de habilidades sociais treinamento cognitivo-social, remediação cognitiva, terapia cognitiva-comportamental e outras formas de tratamentos individualizados. Terapia familiar também tendo demonstrado reduzir os níveis das emoções apresentadas. De acordo com especialistas, desde o começo da pandemia do novo coronavírus, cientistas descobrem novos sintomas e fatores de risco para o agravamento da doença. Um novo estudo detectou que infectados por coronavírus que sofrem de esquizofrenia têm quase três vezes mais chance de morrer por COVID-19. O estudo é um dos poucos que relacionam transtornos mentais e COVID-19. Foi realizado por pesquisadores da rede de hospitais da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, e recém-publicado na revista médica JAMA Psychiatry. Os resultados mostraram que a esquizofrenia é o segundo fator de risco mais perigoso em casos de infecção pelo Sars-CoV-2, ficando atrás apenas da idade. O trabalho analisou a evolução de 7.348 pacientes internados com COVID-19: 500 chegaram com diagnóstico prévio de algum transtorno de humor, como depressão e bipolaridade, 360 sofriam de ansiedade e 75 eram esquizofrênicos. Os números coincidem com a prevalência desses transtornos psiquiátricos entre a população.

Os pesquisadores calcularam a taxa de mortalidade do grupo analisado durante os 45 dias após a confirmação da infecção. Do total, 11,8% dos doentes (864) faleceram em decorrência da COVID-19. Analisando apenas as pessoas com esquizofrenia, a taxa de mortalidade subiu para 26,1%, um aumento de quase três vezes. Excluindo a idade, o índice faz da esquizofrenia o principal fator de risco entre as mortes por coronavírus, ultrapassando patologias prévias reconhecidas como agravantes do curso da doença, como diabetes, problemas cardiovasculares e obesidade. “Há várias explicações possíveis para isso, mas esta descoberta sugere que pode haver algo exclusivo na esquizofrenia ou nos medicamentos usados para tratá-la. Os pacientes com esquizofrenia podem ter menos capacidade de montar uma resposta imunológica adequada à infecção, o que os torna menos eficientes na luta contra os vírus”, disse uma das autoras do estudo, a pesquisadora Katlyn Nemani

Entretanto, segundo os estudos, conclusões ainda são preliminares. Existem outros fatores envolvendo a esquizofrenia que podem aumentar o risco de infecção, como, por exemplo, a dificuldade para seguir uma conduta preventiva contra o vírus. Além disso, pessoas diagnosticadas com o distúrbio mental também têm risco aumentado de doenças cardiovasculares, tabagismo e diabetes, o que também influencia no agravamento da COVID-19. Atualmente, segundo o divulgado, os pesquisadores estão concentrados em analisar como os medicamentos usados para tratar a esquizofrenia afetam o coronavírus e a resposta do sistema imunológico à infecção. Novos resultados devem chegar em breve.

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