Psicologia da Saúde Mental (14): Desordens Neurocognitivas

Psicologia da Saúde Mental (14): Desordens Neurocognitivas

Embora o cérebro seja altamente protegido pelos ossos do crânio, ele é vulnerável a lesões oriundas de diferentes fontes. Segundo os autores do livro Abnormal Psychology (Hooley et., 2021), quando o mesmo é lesionado, mudanças cognitivas resultam no ser humano e, ainda que surjam outros sinais e sintomas como mudanças de personalidade e humor, tais mudanças são os sinais mais óbvios que uma lesão cerebral ocorreu. O que nos interessa aqui é focar todos os transtornos que surgem por causa de mudanças na estrutura cerebral, funções ou na química do mesmo. Em alguns casos, como, por exemplo, nas doenças de Parkinson e Alzheimer, estas são causadas por mudanças internas que levam à destruição do tecido cerebral. Em outras, os transtornos resultam de lesões causadas por influências internas, do tipo traumas e acidentes, bem como, de impactos no crânio, ocasionados, por exemplo, em jogadores de futebol, no boxe e em situações de violência extrema, as mais diversas.

                Por que, então, as desordens cognitivas se enquadram no domínio da Psicologia do Anormal? Por várias razões. Primeiro, porque, de acordo com o DSM-5, essas desordens são consideradas psicopatológicas. Segundo, porque algumas desordens cerebrais causam sintomas que parecem substancialmente similares a outras desordens da Psicologia do Anormal. Terceiro, porque lesão cerebral pode causar mudanças no comportamento, no humor e na personalidade. Assim, entender quais áreas cerebrais estão envolvidas quando comportamentos de humor e de mudanças de personalidade, ocorridos após lesões cerebrais, é algo que pode ajudar os pesquisadores a melhor entenderem os determinantes biológicos de muitos problemas. Quarto, porque muitas pessoas que sofrem de transtornos cerebrais reagem aos seus novos diagnósticos com depressão e ansiedade. Finalmente, porque transtornos neurocognitivos acarretam sobrecarga aos membros familiares uma vez que, para muitos pacientes, os cuidados são muito demandantes, variados e duradouros, além de depressão e ansiedade de familiares serem bastante comuns nesses casos.

                O DSM-5 reconhece grandes e moderadas formas de transtornos neurocognitivos. Essas desordens são concebidas como resultantes de lesões transitórias ou permanentes do cérebro. Quando crônicas, essas desordens envolvem a perda permanente de células neurais. As deficiências clínicas primárias encontradas nas desordens neurocognitivas envolvem problemas cognitivos, usualmente caracterizadas por perda ou declínio nas habilidades previamente adquiridas. Dependendo da causa, o início pode ser lento ou gradual, prosseguindo em um curso de deterioração contínua. A causa mais comum de transtorno cognitivo é a doença de Alzheimer. Não há uma simples relação entre a extensão da lesão cerebral e o grau de funcionamento prejudicado. Algumas pessoas que tem lesões severas não desenvolvem qualquer sintoma severo, enquanto que outros, com lesões leves, têm reações extremas.

                No caso dos delírios, estes têm um início repentino, sendo muito comuns nos idosos e caracterizados por um estado de consciência que flutua entre vigília e estupor ou coma. O delírio é tratado com medicações neurolépticas e benzodiazepínicos. Muitas são as causas dos transtornos neurocognitivos. Em alguns casos, a incapacidade é transitória, podendo ser revertida ou melhorada com tratamento. Em outros casos, é permanente. As causas potencialmente tratadas dos transtornos cognitivos incluem as incapacidades cognitivas provocadas por medicamentos, deficiências de vitamina B12, alcoolismo, infecções cerebrais, certos tumores, coágulos de sangue pressionando o cérebro, desequilíbrios metabólicos e depressão. Causas irreversíveis de transtornos neurocognitivos incluem a doença de Alzheimer, a doença de Huntington, a doença de Parkinson, privação de oxigênio, acidentes vasculares do tipo derrame e lesão cerebral.

                A idade é um grande fator de risco para a doença de Alzheimer, bem como, para outras formas de demência, tal como a demência vascular. Os genes desempenham papel muito importante na susceptibilidade para a doença de Alzheimer. Concluindo, situações de vida e características de personalidade pré-mórbida de um indivíduo são importantes em determinar suas reações à lesão cerebral.

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