Psicologia da Saúde Mental (6): Classificações

Psicologia da Saúde Mental (6): Classificações

Por que é importante classificar o comportamento humano anormal? Primeiro porque classificação é um princípio fundamental na ciência. Sem nomear, e organizar, padrão de comportamento anormal, pesquisadores não podem comunicar seus resultados aos outros, bem como, o progresso em direção a essas desordens pode ser prejudicado. Além disso, decisões importantes são feitas baseando-se em classificações. Ou seja, certas desordens psicológicas respondem melhor a uma terapia que a outra, ou a uma droga do que a outra, e, nesses casos, as classificações auxiliam o clínico a optar por um tratamento ou outro. Finalmente, classificação ajuda pesquisadores a identificar populações com padrões similares de comportamento anormal.

 

No DSM-5, padrões de comportamento anormal são classificados como desordens mentais. Estas, envolvem estresse emocional, tipicamente depressão ou ansiedade, prejudicando significativamente o funcionamento do trabalho, da família e da sociedade como um todo, ou apresentando comportamento que coloca as pessoas em risco, para sofrimento pessoal, dor, incapacidade ou morte. O sistema do DSM-5, similar a um modelo médico, considera os comportamentos anormais como sinais ou sintomas de desordens ou patologias subjacentes. Entretanto, o DSM-5, segundo os autores do livro Abnormal Psychology (Pearson, 2021), não assume que comportamentos anormais necessariamente originam-se de causas ou defeitos biológicos. Ele reconhece que as causas de muitas desordens mentais permanecem indefinidas, com algumas desordens podendo ter causas puramente biológicas, enquanto outras podem ter causas somente psicológicas. Havendo, ainda, aquelas com causar mais bem explicadas dentro de um modelo multifatorial, que leva em consideração a interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, éticos e físico-ambientais.

 

O DSM-5 usa o termo desordem mental para descrever síndromes clínicas (agregadas de sintomas), envolvendo um nível significativo de perturbações do funcionamento comportamental, emocional e cognitivo de uma pessoa. Em muitos casos, desordens mentais são associadas com estresse emocional substancial ou incapacidades sociais, ocupacionais e outras importantes funções na vida. Embora o termo desordem mental seja amplamente usado por profissionais médicos, psicólogos e outros profissionais da saúde usam o termo desordem psicológica em lugar de desordem mental para representar o fato de que esses padrões de comportamentos alterados envolvem incapacidades significativas do funcionamento psicológico de uma pessoa. Uma vantagem, também, é que o termo psicológico abarca padrões comportamentais e estritas experiências mentais, do tipo emoções, pensamentos, cognições, motivações, crenças e atitudes. Importante destacar que o DSM-5 classifica as desordens que as pessoas têm, não as próprias pessoas. Consequentemente, os clínicos não classificam uma pessoa como esquizofrênica ou depressiva, mas, ao contrário, referem-se a um indivíduo com esquizofrenia ou uma pessoa com grande depressão.

 

O DSM-5 é descritivo, não explicativo. Ele descreve atributos diagnósticos ou, em termos médicos, sintomas dos comportamentos anormais. Ele não tenta explicar a origem de nada, tampouco adotar abordagens particulares, tais como, psicodinâmica ou teoria da aprendizagem. Usando o sistema de classificação DSM-5, o clínico chega a um diagnóstico que, emparelhando os sintomas e comportamentos de um paciente com critérios específicos que definem desordens mentais particulares.

 

O último DSM-5, editado em 2013, pela American Psychiatryc Association, é organizado em 20 categorias de desordens mentais, incluindo desordens de ansiedade, o espectrum da esquizofrenia e outras desordens psicóticas e desordens de personalidade. O DSM-5 é baseado no modelo de classificação categórico, o que significa que os clínicos necessitam fazer o julgamento categórico do tipo sim-não sobre se a desordem está presente num dado caso. Julgamentos categóricos são comuns na moderna medicina, tal como determinando se ou não uma pessoa tem câncer. Um modelo categórico é frequentemente usado na classificação, tal como, no caso de fazer um julgamento categórico se uma mulher está grávida ou não.

 

Uma limitação do modelo categórico é que ele não fornece diretamente um meio de avaliar a gravidade da desordem. Talvez, por isso, muitos críticos entendem que o sistema do DSM-5 poderia ser substituído com uma abordagem dimensional para o processo avaliativo. Ou seja, esse componente dimensional daria ao avaliador a oportunidade de identificar “diferentes tonalidades do cinza”. Em outras palavras, para muitas desordens, o clínico poderá, não apenas, determinar se uma desordem está presente, mas, também, a classificação da severidade dos sintomas de uma desordem que poderia variar ao longo de uma escala oscilando de leve a moderado e muito severo. Mas, trata-se de um manual padrão que é melhor ter do que não ter.

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