Psicologia da Saúde Mental (7): Estresse Físico e Mental

Psicologia da Saúde Mental (7): Estresse Físico e Mental

Segundo os autores do livro Abnormal Psychology (Pearson, 2021), as tensões profissionais e interpessoais, bem como, as pressões financeiras, os aborrecimentos diários e, até mesmo, nossa correria cotidiana, nos têm imposto muitas demandas na vida diária. Todos nós somos expostos ao estresse e essa exposição afeta nosso bem-estar físico e psicológico. Algumas vezes, as próprias atividades de lazer podem ser estressantes. Por exemplo, seu aniversário, o Natal, festividades natalícias, derrotas do time de futebol preferido e, até mesmo, participações em cerimônias religiosas, como, por exemplo, missas, batismos, casamentos, grupo de casais, etc. A rigor, o estresse afeta nossa mente e nosso corpo indistintamente. A vida seria muito simples se todas as nossas necessidades fossem automaticamente satisfeitas. Na realidade, todavia, muitos obstáculos, tanto pessoais quanto ambientais, estão na passarela da nossa vida. Demandas estas que requerem nosso ajustamento social e emocional.

            Quando nós experenciamos, ou percebemos, desafios para nosso bem-estar físico e emocional que excedem nossos recursos e habilidades de enfrentamento, a condição psicológica resultante é tipicamente referida como estresse. Todavia, é importante distinguir, para evitar confusão, que as demandas externas devem ser denominadas de estressores, mas, os efeitos por eles causados dentro do organismo devem ser chamados de estresse. Além disso, os esforços para lidar com o estresse devem ser denominados de estratégias de enfrentamento. Ademais, é importante notar que o estresse é fundamentalmente um construto interativo e dinâmico pelo fato de ele refletir a interação entre o organismo e o ambiente ao longo do tempo.

            Todas as situações que requerem ajustamento podem ser consideradas como potencialmente estressantes. Cada indivíduo enfrenta um padrão único de demandas para os quais deverá se ajustar. Isto ocorre porque as pessoas percebem, e interpretam, situações similares diferentemente. E também porque objetivamente quaisquer duas pessoas não enfrentam exatamente o mesmo padrão de estressores. Alguns indivíduos são também mais prováveis de desenvolver problemas duradouros que outros, o que pode estar ligado, em parte, às habilidades de enfrentamento e à presença ou ausência de recursos particulares.          Características individuais que tem sido identificadas como melhorando a habilidade de uma pessoa para manejar estresse diário inclui níveis elevados de otimismo, maior controle psicológico ou domínio, auto-estima elevada e melhor suporte social. Esses fatores estáveis são conectados a níveis reduzidos de estresse no enfrentamento dos eventos de vida, bem como, nos desfechos de saúde favoráveis.

            A partir de estudos baseados na análise das diferenças comportamentais entre gêmeos, diferenças nos estilos de enfrentamento podem ser associadas às diferenças genéticas subjacentes e à vulnerabilidade ao estresse. Em outras palavras, é agora amplamente aceito que nosso patrimônio genético nos torna mais ou menos sensíveis ao estresse, de forma que pesquisadores estão explorando atualmente quais genes podem desempenhar um papel em determinar o quão reativos ao estresse nós somos. Por adição, a quantidade de estresse que experenciamos no início da nossa vida pode também nos fazer mais sensíveis ao estresse que poderemos ter posteriormente. De fato, os efeitos do estresse podem ser cumulativos, com cada experiência estressante servindo para fazer o sistema mais reativo. Evidências estas que sugerem prévias experiências estressantes podem nos sensibilizar biologicamente, fazendo-nos mais reativos às experiências estressantes posteriores.

            O termo “tolerância ao estresse” refere-se a habilidade de uma pessoa para suportar o estresse sem ser por este seriamente prejudicada. Deve-se considerar, ainda, que, situações estressante podem ser relacionadas à, ou intensificadas pela cognição de uma pessoa. Isto pode explicar o porquê de pessoas, com histórico de depressão, tendem a experenciar eventos negativos como elementos mais estressantes do que ocorre com outras pessoas. Por último, o termo crise é usado para se referir aos momentos em que uma situação estressante ameaça execeder, quando não excede, as capacidades adaptativas de uma pessoa ou grupo. Crises são frequente, e especialmente, estressantes pelo fato de os estressores serem tão potentes que as técnicas de enfrentamento tipicamente utilizadas não funcionam. Estresse pode ser distinguido de crises do seguinte modo: uma situação traumática, ou crise, sobrepuja a habilidade de uma pessoa para enfrentar, ao passo que, o estresse não sobrepuja, necessariamente, a pessoa.

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