Psicologia da Saúde Mental (8): Ansiedade e Medo

Psicologia da Saúde Mental (8): Ansiedade e Medo

Ansiedade pode ser definida, de modo geral, como um sentimento generalizado de apreensão sobre possíveis perigos futuros, ao passo que, medo é uma reação de alarme desencadeada como resposta a um perigo imediato. O DSM-5 tem identificado um grupo de desordens conhecidas como transtornos de ansiedade, que compartilham sintomas de ansiedade ou medo clinicamente significantes. Os transtornos de ansiedade criam enormes problemas de cuidados de saúde, bem como, pessoais e econômicos para aqueles por eles afetados, bem como, para o restante da sociedade. As desordens de ansiedade têm início precoce em todas as desordens mentais, sendo associadas a uma prevalência elevada de ocorrências médicas, incluindo asma, dor crônica, hipertensão, artrite, doença cardiovascular e síndrome do intestino irritável.

            Pessoas com desordens de ansiedade também são usuários frequentes dos serviços médicos. Não há uma concordância completa sobre como distinguir ansiedade e medo, um do outro. Historicamente, a maneira mais comum de distinguir os padrões de resposta de ansiedade e medo tem sido determinar se há uma fonte de perigo, clara e óbvia, que esteja presente e que poderia ser considerada real para muitas pessoas. Quando a fonte de perigo é óbvia, a emoção experenciada tem sido chamada de medo. Com a ansiedade, todavia, nós, frequentemente, não podemos especificar, claramente, de que se trata o perigo. Assim considerando, em contraste com o medo e o pânico, a resposta de ansiedade é uma mistura complexa de emoções negativas e cognições, ambas orientadas para o futuro e mais difusas que o medo.

            Mas, igual ao medo, a ansiedade não tem apenas componentes cognitivos subjetivos, mas, também, componentes comportamentais e fisiológicos. Não obstante, independente dos componentes envolvidos na ansiedade, os transtornos de ansiedade são todos caracterizados por medos ou ansiedades irrealistas e irracionais, que provocam estresse significativo e prejudicam o funcionamento do cotidiano. Dentre os transtornos de ansiedade conhecidos, presentes no DSM-5, incluem-se a fobia específica, a fobia social, desordens de pânico, agorafobia e desordens de ansiedade generalizadas. Pessoas com essas variadas desordens diferem, uma da outra, em termos da quantidade de medo ou pânico, versus sintomas de ansiedade que elas experienciam, e dos tipos de objetos, ou situações, que lhes trazem preocupação. Com as fobias específicas, um indivíduo tem medo intenso e irracional de objetos ou siruações específicas que levam a comportamentos de evitação (fuga) quando confrontado com o objeto que causa esse medo. Ocasião, esta, em que o indivíduo mostra um padrão de ativação (resposta) de lutar-fugir que também é associado com pânico.

            No transtorno de ansiedade social, uma pessoa tem medo de uma ou mais situações sociais, usualmente devido ao medo da avaliação negativa de outros a seu respeito, ou de desempenhar de uma maneira humilhante ou embaraçosa. Em alguns casos, a pessoa com ansiedade social pode realmente experenciar ataque de pânico em situações sociais. Na ansiedade generalizada, uma pessoa tem pânico e excessivos níveis de preocupação sobre variados eventos ou atividades que responde ao estresse com altos níveis de tensão muscular e psíquica. Na desordem obsessiva-compulsiva, uma pessoa experiencia pensamentos ou imagens estressantes, intrusivos e indesejados, usualmente acompanhados de comportamentos compulsivos desempenhados para neutralizar tais pensamentos ou imagens. Nestes casos, rituais de checagem e limpeza são muito comuns.

            Segundo os autores do livro Abnormal Psychology (Pearson, 2021), importa afirmar que aproximadamente 12% da população em geral alcança os critérios de diagnóstico para ansiedade social em algum ponto de suas vidas. Ansiedade social é mais comum entre mulheres (aproximadamente 60%), tipicamente começando na adolescência ou início da fase adulta. Por sua vez, aproximadamente 2/3 das pessoas com ansiedade social sofrem de um ou mais transtorno de ansiedade adicional, em algum momento de suas vidas, bem como, 50% também sofrem de uma desordem depressiva ao mesmo tempo. Aproximadamente 1/3 abusa de álcool para reduzir sua ansiedade e ajudar na resolução do que elas têm medo.

            Ademais, por causa do estresse e da evitação de situações sociais, pessoas com ansiedade social, em média, têm menores taxas de emprego, menores status socioeconômico, além de cerca de 1/3 ter incapacidade severa em mais domínios da própria vida.

Compartilhar: