
Pupilometria: janela para a “alma
A mensuração do diâmetro da pupila (pupilometria), como um método de investigação de estados mentais, está completando 50 anos. Este método tem tido um papel significativo na Psicologia, haja vista que, respostas pupilares têm sido, satisfatoriamente, usadas para fornecer uma estimativa da intensidade da atividade mental e de mudanças dos estados mentais, particularmente na alocação da atenção e na consolidação da percepção. Ademais, as respostas pupilares, fornecem uma medida contínua, independente de o participante estar, ou não, consciente de tais mudanças.
Há estudos mostrando que tais respostas podem servir como indicador da carga da capacidade atentiva, uma vez que tem sido encontrada relação entre dilatação pupilar e carga executiva ou a carga da memória funcional. Um exemplo? Estudos perceptuais recentes têm se utilizado do fato de que alguns estímulos visuais podem dar origem a diferentes, frequentemente, incompatíveis, percepções. O cubo de Necker, ou a Figura Pato- Coelho, ou, ainda, o Vaso-de-duas-faces mostram imagens bi-instáveis, ou seja, figuras as quais, em nossa fixação visual, nos permitem perceber duas diferentes imagens caracterizadas pela percepção consciente, que oscila, periodicamente, entre duas diferentes interpretações da mesma imagem, de modo que, estimulação contínua das figuras possa resultar em variações rápidas, e repetidas, entre uma imagem e outra. Monitorando as respostas pupilares, estas revelam que o diâmetro pupilar aumenta significativamente quando uma imagem muda para outra.
Outros estudos, apresentando estímulos próximos do limiar visual, isto é, raramente perceptíveis, tendem a provocar significativas dilatações pupilares quando os mesmos são claramente detectados. Ademais, estudos envolvendo infantes têm revelado que as respostas pupilares podem ser medidas robustas e sensíveis para crianças pré-verbais, indicando a preferência das crianças para um ou outro estímulo, bem como, o tempo despendido em observar um ou outro objeto. A grande vantagem deste método é que, as respostas pupilares podem ser facilmente mensuradas de maneira não-invasiva, ocorrendo desde o nascimento e podendo se manifestar na ausência de processos conscientes voluntários, em baixo custo.
Portanto, é a pupilometria um método que captura, não apenas, respostas em mudanças dos estímulos físico-ambientais, como, também, em estímulos não-visuais, significativos, tais como, pensamentos e emoções. Logo, pupilometria é uma janela para o quê vai na “alma” de alguém.