QI e sua praticidade (15): capacidades cognitivas nos níveis de inteligência

QI e sua praticidade (15): capacidades cognitivas nos níveis de inteligência

  Considerar alta inteligência uma vantagem, e não uma garantia, de sucesso pessoal e profissional, é verificar que diferenças ínfimas, moderadas e elevadas de Q.I muito significam nos caminhos trilhados por todos os seres humanos. Níveis mais altos de Q.I favorecem a execução de tarefas complexas, ao passo que níveis moderados e inferiores de Q.I ocasionam exatamente o contrário. Desta forma, no intuito de mitigar desfavorecimentos atribuíveis a um baixo QI, riqueza familiar, personalidade cativante, força de caráter, perseverança, ou mesmo um benfeitor atuante, se revelam vantagens compensatórias muito necessárias àqueles. Entretanto, ainda que suavizem a situação por lhes permitir obter o que não conseguiriam sozinhos, nunca eliminarão o desfavorecimento de possuírem um baixo QI. Inversamente, um QI alto muito amortece circunstâncias adversas da vida, explicando, ainda que parcialmente, o porquê de algumas crianças serem mais recuperáveis que outras em face de privações e de abusos por elas sofridos.

    Pesquisas e análises recentes, sumariando as capacidades cognitivas e competências sociais e econômicas em função de cinco categorias ou níveis de inteligência, consistindo estes nos portadores de QI(s) abaixo de 76 e naqueles com QI(s) dentro dos intervalos de 76-90, 91-110, 111-125 e acima de 125, indicam que: (1) QI(s) abaixo de 76 (a parte inferior da curva normal com 5% da população): indicam indivíduos em alto risco de fracasso e evasão escolar, com dificuldades em realizar tarefas aparentemente simples, como ler uma carta, preencher um formulário para obtenção de emprego, entender as instruções de um médico, ler a bula de um medicamento, monitorar as suas próprias crianças, que podem ter dificuldades operacionais com algumas demandas do mundo, vivendo satisfatoriamente, mas dependentes da ajuda de um benfeitor ou de forte suporte social; (2) QI(s) variando entre 76-90 (os 20% da população imediatamente abaixo da média): indicam indivíduos treináveis apenas para trabalhos semi-especializados. Uma vez que estes trabalhos são atipicamente perigosos, fisicamente difíceis e desempenhados em circunstâncias desagradáveis, tais indivíduos tendem a não ser competitivos para trabalhos mais complexos, uma vez que seu treino é relativamente difícil para os mesmos; (3) QI(s) variando entre 91-110 (o centro, com 50% da população; o QI médio é igual a 100): indicam indivíduos que estão na média e facilmente treináveis para empregos especializados e moderadamente complexos. São prontamente treináveis para a maioria dos empregos disponíveis na sociedade, revelando-se hábeis em ler e compreender materiais escritos em revistas, jornais e novelas populares; (4) QI(s) variando entre 111-125 (os 20% da população imediatamente acima da média): indicam indivíduos capazes de apreender materiais complexos com grande facilidade e de forma independente. Sua maioria se adapta a profissões altamente qualificadas, de complexidade bastante elevada, podendo, somente aqueles neste intervalo ou acima dele, entender e compreender artigos profundos e complexos veiculados em jornais ou revistas, bem como acompanhar artigos de ficção sérios. A maioria entra em universidades ou escolas profissionais, raramente encontrando dificuldades em evoluir em suas escolhas ocupacionais; (5) QI(s) variando acima de 126 (os 5% no topo): indicam indivíduos hábeis em ocupações que demandam funções cognitivas de alta-ordem. Enquadram-se aqui muitas ocupações de nível superior e/ou altamente especializadas, que envolvem grande capacidade de resolução de problemas, raciocínio e tomadas de decisão. Atingindo o mínimo de inteligência requerido por todas as ocupações, são altamente procurados devido a sua elevada treinabilidade, tendo grande facilidade com as demandas cognitivas normais da vida. Os seus empregos envolvendo tarefas altamente complexas são freqüentemente de alta pressão e social e emocionalmente demandantes, mas são de alto prestígio e muito bem remunerados. Entretanto, capazes que são, são os únicos responsáveis por qualquer perda e/ou fracasso que venham a sofrer.

    Finalizando, múltiplas causas respondem pelos diferentes êxitos, resultados sociais e econômicos na vida. Mas, para muitos deles, a inteligência geral parece estar no centro desta rede causal. Poucos traços quantitativos parecem afetar tão sistemática e poderosamente a vida dos indivíduos na vida moderna quanto a sua inteligência geral. Isto faz com que variados desempenhos e níveis diferentes de inteligência sejam as duas faces de uma mesma moeda.

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