
QI nacional: de onde ele se origina?
Por décadas, psicólogos, economistas e pesquisadores em saúde pública, entre outros, têm aplicado testes de QI ao redor do mundo, registrando, com freqüência, os resultados em periódicos acadêmicos. Todavia, não houve um esforço sistemático para coletar, e comparar, esses escores entre países até que, em 2002, o psicólogo Richard Lynn, e o cientista político Tatu Vanhanen, publicaram um livro, intitulado “QI e a riqueza das nações”, no qual ambos, sistematicamente, analisam a variabilidade do QI médio de cada nação e as implicações econômicas, escolásticas, sociais e políticas desses resultados.
A importância científica de Lynn? Ao longo dos últimos anos, é ele o pesquisador que tem feito afirmações incisivas sobre diferenças de grupo no QI médio, bem como, que tem tido suas pesquisas amplamente citadas em influentes jornais e periódicos psicológicos, ainda que muitas destas sejam duramente criticadas por seus pares, dentro e fora da Academia. Um exemplo? Estudo amplamente discutido, usando a coletânea de QI proposta por Lynn e colaboradores, arguiu se doenças infecciosas rebaixam o QI médio em várias nações, advogando que elevar o QI através da eliminação da doença seria algo possível. Exemplo brasileiro? Veja as implicações cognitivas da doença provável de ser causada pelo Zica vírus, recentemente: uma geração cognitivamente perdida.
Voltando ao estudo de que falávamos, tais resultados foram discutidos tanto pela The Economist quanto pelo Relatório Anual de 2011 da Fundação Bill e Melinda Gates e, em ambos os casos, divulgando gráficos com o QI médio nacional coletado por Lynn, no eixo vertical, seguido das taxas da doença, no eixo horizontal, mereceu que o próprio Bill Gates observasse que, embora o teste de QI não seja uma medida perfeita, o efeito dramático que se vê entre QI nacional e a incidência de doença nacional é uma grande injustiça para com os doentes, o qual chama nossa atenção para as grandes implicações que casos de saúde que rebaixam o QI de cidadãos podem causar em todo o mundo.
A coletânea de QI obtida por Lynn para quase 200 países baseia-se em mais do que um teste para a grande maioria dos países: contaram com estudos baseados em testes de QI nos quais referências culturais e aspectos lingüísticos fossem reduzidos ao máximo. Não obstante, houve muitas estimativas de QI para os países mais ricos, ou nos quais a língua inglesa predominava, enquanto que, para os países mais pobres, a média foi baseada em um ou dois estudos. Globalmente, em um país que tinha várias aplicações do teste, os resultados tenderam a ser muito similares: a média nos Estados Unidos foi de, aproximadamente, 98, enquanto que, no Reino Unido, foi de aproximadamente 100; no Japão, de 105; e, no Brasil... pense um pouco e preencha a lacuna. Nestes mesmos resultados, alguns países são apenas representados com dados de QI de baixa qualidade, ou seja, com amostras inadequadas, pequenas, obtidas através de má aplicação dos testes, etc, o que leva a, algumas vezes, encontrar comparações não confiáveis entre países.
Dentre as implicações mais relevantes deste estudo encontram-se as evidências de que nações com escores médios de QI mais elevados são também as mais ricas, mais produtivas e destacadamente mais progressivas, com um crescimento econômico mais rápido que as demais. Em outras palavras, nações com QI mais alto têm, substancialmente, constatado maior prosperidade. Em resumo, o que os dados de Lynn categoricamente revelam é que os escores de QI médio de uma nação constituem-se no grande preditor do nível de prosperidade da mesma, mesmo quando se conhecem outras variáveis desta nação que respondem por seu progresso.
Aproveito a ocasião para agradecer a leitura de nossas reflexões, publicadas semanalmente aqui, bem como, para desejar a todos um Feliz Natal