QI prediz violência carcerária

QI prediz violência carcerária

           Estudos recentes, analisando QI de 185 nações no mundo, com populações acima de 50 mil habitantes, e para 192 nações, com população acima de 40 mil habitantes, têm gerado um grande programa de pesquisa que mostra os QIs nacionais, significativa e substancialmente, correlacionados com uma ampla gama de fenômenos, nos quais se incluem aquisição educacional, desempenho educacional, funções cognitivas, renda per capita, crescimento econômico e várias outras variáveis sociais, políticas, de saúde, demográficas, geográficas e climáticas. Uma das variáveis que mais tem chamado a atenção na última década é o crime e sua conexão com a inteligência, inteligência, esta, refletida nos testes de QI. Neste contexto, cinco estudos revelaram que as correlações entre QIs nacionais e crime foram todas negativas, variando entre -0,21 e -0,82, indicando que quanto menor o QI agregado de uma nação ou estado, tanto maior é a probabilidade destas pessoas se envolverem em crimes ou ofensas criminais.

            Todavia, todos estes estudos exploraram a conexão entre QI e crime na população não encarcerada em geral. Não obstante, estudo recente, partindo da suposição de que comportamentos violentos dentro da prisão é parte integral do controle e da segurança das instituições penais, analisou a relação entre o QI e a má conduta de prisioneiros, os quais foram registrados através de uma variável dicotômica na qual 0=nenhum comportamento violento e 1=comportamento violento, indicando se cada prisioneiro engajava-se em comportamento violento contra outro prisioneiro ou contra funcionário da instituição penal resultando em pequenas lesões corporais. Além do QI, fatores como idade do encarceramento, pertencer ou não a gangues de prisioneiros, estado civil, etnia, nível educacional, bem como, as facilidades da instituição penal, foram registrados e correlacionados entre si.

            Os resultados revelaram que: 1º) diferenças individuais no QI foram significativamente relacionadas à má conduta violenta: encarcerados com QI acima da média, comparativamente aos outros encarcerados, numa mesma prisão, tiveram risco diminuído de se envolverem em acidente violento. O aumento num desvio padrão, na pontuação de QI, foi associado com uma redução de 10% na probabilidade de os mesmos apresentarem má conduta; 2º) a introdução da variável QI leva a uma atenuação da relação entre raça-etnia e má conduta e 3º) o QI médio dos prisioneiros dentro de cada uma das 30 diferentes unidades penais analisadas teve um efeito significativo na probabilidade de um prisioneiro cometer um ato violento. Em outras palavras, indivíduos de uma dada prisão, com pontuações mais elevadas de QI, foram, significativamente, menos prováveis de se engajarem em atos violentos.

           Logo, importa que os criminologistas atentem para a inteligência dos encarcerados como um mecanismo de prever comportamentos violentos.

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