
Quais são as habilidades da liderança?
Imediatamente
após a publicação do manuscrito “Quais são os traços da liderança?”, flui surpreendido
pelos comentários de dois grandes líderes atuantes em Ribeirão Preto. Um deles,
Dr. Brasil Salomão, advogado, profundo conhecedor de nossa jurisprudência, e
grande líder jurídico da mesma, com filiais espalhadas em várias regiões do
país, tem a imensidão brasileira no nome, assim como, a magnífica, milenar e
sábia, cultura árabe. Mas, a despeito de toda essa grandeza, foi humilde ao me
manifestar seu interesse em aprender, cada vez mais, sobre liderança. Dr.
Brasil já nasceu líder, mas foi, nas diferentes arenas jurídicas, experenciando
toda sorte de situações, que enriqueceu, cada vez mais, a sua brilhante inteligência
emocional.
O outro, o Deputado Duarte Nogueira,
jovem líder político de nossa região, que herdou do pai, ex-prefeito Antônio
Duarte Nogueira, o gene da liderança política, galgou, ainda menino, a
Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, aprendendo que, para ser
grande, a nação necessita fomentar os talentos que militam em todos os cantos
férteis de nossa terra. E, assim como o Dr. Brasil, também foi humilde em
manifestar seu interesse pela temática liderança, afirmando-me estudá-la há
tempos, e recomendando-me, inclusive, alguns autores, para compartilhar suas
leituras comigo.
Os traços de liderança destes dois grandes líderes são genuínos, ou
seja, próprios de cada um deles. Mas há algo, subjacente a seus traços e habilidades de liderança, que
ambos comungam: tanto Brasil quando Nogueira são extremamente cultos e
educados.
Mas, quais são as “habilidades” da
liderança? Veja, o leitor, que agora estamos falando de “habilidades” e
não de “traços”. As “habilidades” da
liderança se referem às competências aprendidas, que os líderes são hábeis em
demonstrar no desempenho, dando ao líder a capacidade de influenciar outros,
podendo ser agrupadas em três categorias: administrativas,
interpessoais e conceituais.
Administrativas,
auxiliam o líder a alcançar aspectos cotidianos, mas, criticamente, importantes
para caracterizar liderança. São as que indicam as competências que um líder
necessita desempenhar numa organização para que esta alcance seus propósitos e
objetivos. Dividem-se em três conjuntos de competências: (1º) manipular
pessoas, (2º) manipular recursos e (3º) mostrar competência técnica. Manipular
pessoas talvez seja a que ocupe a maior parte dos líderes. Um líder eficiente
conecta-se com as pessoas, entendendo quais tarefas devam ser feitas, bem como,
quais habilidades necessita para desempenhá-las e como deve ser o ambiente no
qual as pessoas trabalham. Ajuda os empregados a trabalhar em equipe, motiva-os
a fazerem o melhor, promove relações satisfatórias entre todos e responde às
indagações que os mesmos lhes fazem. Manipular recursos, sangue de vida de uma
organização, inclui pessoas, dinheiro, suprimentos, equipamentos, espaço e
qualquer outra coisa necessária à operacionalização de uma organização. Requer
que um líder seja competente tanto na obtenção, quanto na alocação dos mesmos.
Competência técnica, por sua vez, envolve ter conhecimento especializado sobre
o trabalho que o líder faz, bem como, que solicita aos outros fazer. Em
organizações, inclui entender as vicissitudes do funcionamento das mesmas, incluindo
aqui os aspectos complexos de como a mesma funciona.
Interpessoais,
auxiliam o líder a trabalhar, efetivamente, com os subordinados, colegas e
superiores para alcançar os objetivos da organização. Podem ser divididas em
três partes: (1ª) ser socialmente perceptivo, (2ª) mostrar inteligência
emocional e (3ª) manipular conflitos interpessoais. Ser socialmente perceptivo
favorece a condução de mudanças numa organização bem sucedida. É perceber o
“como” suas idéias se ajustam com as idéias dos “outros”. Percepção social
inclui ter insight e consciência do
que é importante para os outros, bem como, como estes são motivados, os
problemas que enfrentam e como reagem à mudança. Envolve entender as
necessidades únicas, objetivos e demandas dos diferentes componentes
organizacionais. Mostrar inteligência emocional é ser hábil em perceber e
expressar emoções, utilizando-as para facilitar o pensamento, entendendo,
raciocinando e manipulando, eficientemente, as próprias, para melhor
relacioná-las com as emoções alheias. Um líder inteligente emocionalmente
“ouve” os seus próprios sentimentos, bem como, os dos outros, adepto que é em
regular as mesmas à serviço do bem comum. Manipular conflitos interpessoais é
saber lidar com mudança. Inevitáveis em toda organização, faz com que líderes,
e seguidores, em geral, sintam-se desconfortáveis devido ao fluxo, controvérsia
e stress que os acompanham. Entretanto, são oportunidades para o líder
verificar que não é a pergunta “Como pode um líder evitar conflitos e eliminar
mudanças?” que o mesmo deve fazer, mas, sim, “Como pode um líder manipular
conflitos e produzir mudanças positivas?”. Manipulados de modo eficaz, resultam
em redução do stress, aumento de soluções para problemas e em potencializar as
relações entre líderes seguidores, membros e equipes.
Conceituais,
auxiliam o líder a utilizar conceitos e idéias, envolvendo aspectos cognitivos
e raciocinativos da liderança. Podem ser divididas em três partes: (1ª) solução
de problemas, (2ª) planejamento estratégico e (3ª) visão criativa. Solucionar
problemas se refere à habilidade do líder de praticar ações corretivas para
solucionar um problema, a fim de alcançar os objetivos desejados. Inclui
identificar o problema, gerar soluções alternativas, escolhendo e implementando
a melhor de todas, num contexto particular. Planejar estrategicamente é ser
hábil em pensar e considerar idéias, buscando desenvolver estratégias
eficientes, para o grupo ou organização. Isto requer desenvolver cuidadosos
planos de ação, baseados em recursos humanos e materiais disponíveis, para
alcançar um objetivo. Ver criativamente requer a capacidade de desafiar as
pessoas a serem visionárias. Para isso, o líder necessita ser hábil em configurar
um quadro futuro melhor que o presente, incentivando os outros em direção a um
novo conjunto de idéias e valores que lhes conduzirão a um caminho melhor. Um
líder deve ser hábil em articular visões, engajando todos numa mesma busca.
Importante: à medida que se eleva a complexidade da hierarquia funcional de uma
organização, as habilidades técnicas-administrativas se reduzem, as
interpessoais permanecem constantes e as conceituais aumentam.
É óbvio que, através da prática, e
do trabalho duro, podemos nos tornar líderes melhores em cada uma destas etapas
que mencionamos (administrativa, interpessoal, conceitual). Dr. Brasil e Deputado
Duarte Nogueira são raros exemplos destes tipos de talentos.