
Quais são os estilos de liderança?
Alguns
generosos leitores, ao tomarem conhecimento dos dois últimos manuscritos sobre,
respectivamente, traços e habilidades da liderança, manifestaram-me o desejo de
saber se as mulheres são mais autoritárias que os homens no exercício da mesma.
Alguns, exemplificando que muitas exercem o papel de dirigente no país, e no
exterior, concebem-nas muito autocráticas quando comparadas a líderes
masculinos. Sem dúvida, trata-se de questão importante. Mas, no contexto dos
estudos de liderança, torna-se esclarecedor distinguira a “emergência” da “eficiência”
da liderança. Emergência trata das condições situacionais, bem como, dos
atributos de líderes e seguidores, e da interação entre ambos, que a fazem
desabrochar em determinado meio. Neste caso, meta-análises revelam que não há
diferenças na emergência da liderança entre homens e mulheres. Eficácia trata
de quão bem líderes realizam suas funções globais de liderança visando
objetivos organizacionais e do bem-estar dos seus seguidores. Pode ser
mensurada pelo desempenho dos membros do grupo.
Entretanto, no momento, para melhor esclarecer
a questão, é importante analisarmos os estilos da liderança. Neste sentido,
questões como “Qual é a sua filosofia de liderança?”, “Você é um líder que
monitora estritamente seus funcionários?”, “Você é um líder permissivo, que dá
aos subordinados grande parte do ‘reino’?”, ou, ainda, “Você fica entre um
estilo e outro?”. Certamente sua filosofia afeta como os outros respondem a
você, bem como, ao seu trabalho e, obviamente, ao quão eficiente você é como
líder. A filosofia de liderança depende do conjunto de crenças e atitudes que
se tem sobre a natureza das pessoas e do trabalho. Como exemplo tem-se que
muitos pensam que as pessoas são basicamente boas e que trabalharão alegremente
se tiverem tal oportunidade. Ao contrário, outros já pensam que as pessoas são
preguiçosas e necessitam serem “empurradas” para completar seu trabalho.
Juntas, tais concepções afetam substancialmente a maneira como uma pessoa, seja
homem ou mulher, exerce a liderança. Este conjunto de crenças e atitudes subjaz
em nossos estilos de liderança.
Estilos de liderança, definidos como
comportamentos dos líderes, focalizam “o quê” os líderes fazem e “como” fazem o
que fazem. Isto inclui as ações dos líderes para com os subordinados numa ampla
variedade de contextos. Investigações sistemáticas que analisaram as interações
sociais em pequenos grupos revelaram a existência de três estilos de liderança:
autoritário, democrático e laissez-faire (permissivo). Entretanto, cumpre
destacar que estes estilos não são unidades distintas, como os traços de
personalidade, por exemplo, interseccionando-se entre si, de forma que um líder
possa demonstrar mais de um estilo numa mesma situação.
Os líderes autoritários percebem
seus subordinados como pessoas que necessitam de direcionamento e de serem
controladas. Enfatizam, a si mesmos, que são eles os únicos responsáveis pela
distribuição das tarefas, exercendo influência e controle sobre todos os
membros do grupo, mas permanecendo alheios em participar das discussões
promovidas por este. Não encorajam a comunicação entre os membros do grupo,
mas, sim, preferindo que tal comunicação seja dirigida a eles. Neste caso,
quais são os resultados obtidos? Positivamente, os líderes autoritários
direcionam e clarificam o trabalho das pessoas, resultando em líderes
eficientes e produtivos, realizando mais em curto período de tempo. São úteis
em estabelecer metas e padrões de trabalho. Negativamente, fomentam a
dependência, a submissão e a perda da individualidade. Criatividade e
crescimento pessoal de subordinados podem ser mascarados com tais atitudes.
Os líderes democráticos consideram
seus subordinados como completamente capazes de fazer o trabalho por si próprios.
Mais que “controlando” subordinados, optam por “trabalhar com” estes,
considerando-os em suas individualidades, sem se colocar acima dos mesmos. Em
essência: vêem-se mais como guias do que como norteadores. Em adição, promovem
a comunicação entre os membros do grupo e, em certas situações, são cuidadosos
em descartar os membros menos articulados. Do mesmo modo que no anterior,
perguntamos, quais são os resultados obtidos? Em geral, são positivos, pois,
resultam em maior satisfação, comprometimento e coesão entre os membros do
grupo. São mais afáveis, capazes de elogios mútuos e de harmonia grupal; mais
motivados e criativos nos trabalhos, fazendo com que os talentos floresçam mais
facilmente sob a estrutura democrática da liderança. Participam e se
comprometem mais das decisões do grupo. Finalmente, os líderes permissivos não
tentam controlar subordinados, tampouco prover ou guiá-los. Ignoram os trabalhadores
e suas motivações para o trabalho, chegando, alguns teóricos, a denominar tal
estilo como “não liderança”. Seus efeitos? Produz, primariamente, efeitos
negativos, sendo muito pouco o que é realizado sob seu jugo. A não direção das
pessoas sob a mesma lhes acarreta não fazerem nada. A doação de liberdade completa
resulta numa atmosfera que a maioria dos subordinados acham caótica.
Subordinados preferem, e necessitam, direcionamento. Quando deixados à sua
própria sorte, frustam-se. Sem um sentido, um propósito e uma direção, os
membros do grupo têm dificuldade de darem significado ao seu trabalho. Como
resultado é a produtividade que declina, vertiginosamente.
O mais indicado é que concebamos
estes estilos como ocorrendo num contínuo, variando desde um líder altamente
influente a outro que em nada influi. Líderes que exibem muita influência são
mais autoritários. Líderes que mostram uma influência moderada são
democráticos. Já aqueles que exibem pouca, ou nenhuma, influência são ditos permissivos.