
Qual é a definição operacional de inteligência?
Por razões históricas, e políticas, a identificação de um traço quantitativo, em particular, é altamente controversa. Este é o caso da inteligência geral (g), que tem uma distribuição normal na população, variando desde uma extremidade inferior, que inclui indivíduos com deficiência mental, até uma extremidade superior, que inclui indivíduos talentosos. Diversas medidas de habilidades cognitivas, tais como, habilidade espacial, habilidade verbal, velocidade de processamento de informação e memória, correlacionam-se, substancialmente, uma com a outra, e a inteligência geral (g) é o que essas diversas medidas têm em comum. Este fator comum explica, aproximadamente, 40% da variância entre tais testes de habilidades.
Esta inteligência geral é mais bem capturada por uma técnica chamada análise fatorial, em que um escore composto é criado representando o que as diversas medidas de habilidade cognitiva têm em comum. Esse escore composto pondera cada teste a partir de sua correlação com os outros testes. Embora “g” seja uma definição de inteligência, inteligência tem muitas outras conotações, de tal forma que tem sido sugerido evitar o uso da palavra inteligência na discussão científica. Os testes de inteligência, tais como aqueles usualmente ministrados, que são amplamente utilizados para propósitos clínicos, capturam muitas das habilidades previamente mencionadas. Mas, estes mesmos testes ponderam, igualmente, cada subteste que mede tais habilidades específicas, somando seus respectivos escores para criar um escore composto, geral, conhecido como QI, cuja média é 100 e o desvio padrão é 15. O QI é uma mistura de escores, enquanto “g” é o fator comum entre um grande número de diversos testes cognitivos. Não obstante, os escores de QI correlacionam-se altamente (r = 0,80) com os escores de “g” derivados da análise fatorial. Portanto, “g” é o elemento comum e essencial da inteligência, isto é, a espinha dorsal de todos os testes mentais.
Este fator “g” é uma das medidas mais confiáveis e válidas na ciência do comportamento. Além de ser um dos traços comportamentais mais estáveis após a infância e predizer importantes resultados sociais, tais como, os níveis ocupacionais e educacionais. O que faz de “g” um dos traços comportamentais que mais sofre influência genética. Em adição, os escores de “g” correlacionam-se fortemente com outros processos biológicos e psicológicos. A despeito disso, as maiores implicações sociais e científicas para a sociedade será identificar os genes associados a “g”. Mas, certamente, a maior implicação recairá no domínio da educação, pois, a identificação e a ponderação das influências genéticas e ambientais no processo de ensino-aprendizagem poderão mudar toda uma conduta do professor em sala de aula.