
Qual a relação entre inteligência e ateísmo?
Dawkins,
em seu recente livro “Deus, um delírio” sugere que não é inteligente acreditar
na existência de Deus. Para investigar essa afirmação dolorida, Lynn, Harvey e
Nyborg publicaram um trabalho na revista Inteligence, em 2008, investigando se inteligência média prediz as taxas de ateísmo em
130 nações. Eles examinaram: 1º) a evidência para a afirmação, isto é, se há
uma relação negativa entre inteligência e crença religiosa; 2º) se essa relação
negativa é uma diferença na inteligência geral (g) e 3º) se há uma relação
negativa entre inteligência e crença religiosa entre nações.
Em relação à primeira, existem
vários estudos relatando correlações negativas entre inteligência e crença religiosa.
Por exemplo, num dado estudo, pesquisadores perguntaram “Em que grau você é uma
pessoa religiosa?”, com respostas codificadas da seguinte forma: “não
religioso”, “levemente religioso”, “moderadamente religioso” e “muito
religioso”. Os resultados mostraram que os “não religiosos” tiveram o QI mais
elevado (103), seguido, em ordem decrescente, pelos outros três grupos, que
pontuaram da seguinte forma, respectivamente: (99), (98) e (97). A relação
entre QI e crença religiosa foi altamente significante. Também há estudos
mostrando uma menor porcentagem de pessoas da elite intelectual mantendo
crenças religiosas quando comparadas à população em geral. Isso foi revelado a
partir de um levantamento indicando que apenas 39% dos eminentes cientistas e
sábios norte-americanos afirmaram acreditar em Deus, numa amplitude que variou
de 48% entre historiadores a 24% entre psicólogos.
Referente à associação negativa
entre crença religiosa e inteligência geral, dados obtidos de um estudo
longitudinal, que amostrou 15 milhões de adolescentes americanos na idade de 12
a 17 anos, revelaram que os ateístas pontuavam 6 pontos de QI a mais do que
grupos combinados de sujeitos que professavam uma ou outra religião. A
diferença na inteligência entre ateístas e religiosos foi significativa, mesmo
sem usar dados ponderados.
Por sua vez, para verificar a
relação entre inteligência e crenças religiosas entre as nações, pesquisadores
consideraram, de 137 nações, os QIs obtidos em cada nação e os indicadores de
crenças em Deus, o que representou, aproximadamente, uma verificação em 95% da
população mundial. Os dados indicaram que, em apenas 17% dos países (23 de
137), a proporção da população que não acredita em Deus situa-se acima de 20%.
Estes países são, virtualmente, aqueles que têm QI mais elevado. A correlação
entre QI nacional e descrença religiosa variou de +0.16 (populações com QI de
64 a 86), +0,60 (populações com QI de 64 a 108) e +0,54 (populações com QI de
87 a 108). Neste grupo, em particular, 20% da população, não acreditam em Deus.
Logo, a maior parte da variação, na
descrença religiosa, está entre as nações com QI mais alto.