Psicologia da Saúde Mental (2): Prevalência e Incidência

Psicologia da Saúde Mental (2): Prevalência e Incidência

Quantas, e que tipos de pessoas, têm transtornos psicológicos diagnosticados atualmente? Para os autores do livro Abnormal Psychology (Pearson, 2021) essa é uma questão importante por várias razões. Primeiro, tal informação é essencial quando planejando, e estabelecendo, serviços de saúde mental. Os planejadores destes requerem entendimento preciso da natureza e extensão das dificuldades psicológicas dentro de uma dada área, Estado ou país porque eles são responsáveis por determinar como os recursos, como, por exemplo, fundos de pesquisa ou serviços fornecidos pelos centros de saúde mental comunitários, podem ser mais efetivamente alocados. Segundo, estimativas da frequência das desordens mentais, em diferentes grupos de pessoas, podem fornecer indícios valiosos para as causas dessas desordens. Um exemplo? Dados do Reino Unido têm mostrado que esquizofrenia é 3 vezes mais provável de se desenvolver em minorias étnicas do que na população branca. Outro exemplo? As taxas de esquizofrenia, no sudeste de Londres, são também mais elevadas em comparação a outras partes do país. Possíveis fatores responsáveis por isso podem ser a classe social e as privações na comunidade, bem como, fatores dietéticos ou exposição a contaminantes ambientais ou infecciosos.

            Epidemiologia é o estudo da distribuição de doenças, desordens ou comportamentos relacionados a saúde numa dada população. Epidemiologia da Saúde Mental é o estudo da distribuição das desordens mentais. Um componente-chave de um levantamento epidemiológico é determinar a frequência das desordens mentais. Há varias maneiras de fazer isso. O termo prevalência refere-se ao número de casos ativos na população num dado período de tempo. Os indicadores de prevalência são tipicamente expressos com porcentagens, isto é, a porcentagem da população que tem a desordem. Ademais há vários outros tipos de prevalência que podem ser feitos. O ponto de prevalência refere-se à proporção estimada dos casos ativos, atuais, de uma desordem em uma dada população num certo período. Por exemplo, podemos contar o número de pessoas que se relataram com depressão severa de janeiro a dezembro de 2020. Isto poderia nos fornecer um ponto da estimativa de prevalência dos casos ativos de depressão. Qualquer outro período de tempo pode ser usado em função dos objetivos do estudo.

            Por outro lado, podemos ter interesse em calcular o indicador de prevalência de um ano, no qual poderíamos contar qualquer pessoa que experenciou depressão em qualquer ponto no tempo ao longo de todo o ano. Como você pode constatar, esse indicador de prevalência será muito mais elevado do que um dado ponto de prevalência pelo fato dele cobrir um período de tempo muito maior. Finalmente, podemos analisar uma estimativa do número de pessoas que tem tido uma desordem particular em qualquer momento de suas vidas, mesmo que agora elas estejam recuperadas. Esse indicador nos fornece uma estimativa da prevalência ao longo do tempo pelo fato dele se estender por toda a vida e incluir tanto indivíduos adoecidos quanto recuperados, revelando-se mais elevado que qualquer outra estimativa de prevalência.

            Um termo adicional é conhecido como incidência, referindo-se ao número de novos casos que ocorrem ao longo de um dado período de tempo, tipicamente um ano. Indicadores de incidência tendem a ser menores d que indicadores de prevalência porque eles excluem casos pré-existentes. Em outras palavras, se estivermos avaliando a incidência de uma não da esquizofrenia na população, não poderíamos contar pessoas cuja esquizofrenia começou antes da nossa data inicial pré-estabelecida, mesmo se essas pessoas ainda estiverem doentes. Por que? Pelo fato de eles não serem novos casos de esquizofrenia. Todavia, se alguém que estava bem de saúde previamente chegou a desenvolver esquizofrenia durante o intervalo de um ano estudado, esse alguém também deve ser incluído em nossa estimativa de incidência.

            Desordens ou transtornos mentais e de abuso de substâncias são condições frequentemente incapacitantes. No mundo todo, elas explicam, aproximadamente, 7% das doenças que assolam o globo. Pelo fato destas serem bastante comuns, desordens de ansiedade, desordens de depressão e desordens de abuso de substâncias, em conjunto, explicam quase 184 milhões de anos de vida ajustados para incapacidade, onde esse indicador pode ser concebido como a perda de um ano de vida saudável. Assim considerando, esses indicadores permitem-nos indicar os melhores meios para fornecer os melhores serviços de saúde mental, especialmente nos países em desenvolvimento. Mas para fazer isso com sucesso, é uma tarefa desafiadora, multiprofissional e demandante de muitos recursos humanos cognitivos.

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