
Quão independentes são as emoções?
As expressões faciais de certas emoções básicas, tais como: felicidade, surpresa, medo, raiva, desgosto e tristeza, são similares em diversas culturas. A habilidade para reconhecer estas emoções não é perfeita, haja vista diferenças entre culturas e entre indivíduos. Por isso, algumas questões podem ser formuladas: indivíduos que são sensíveis às expressões faciais de uma dada emoção são também sensíveis às outras emoções básicas. Como os “traços” subjacentes ao reconhecimento destas diferentes emoções relacionam-se uns com os outros, ou como eles são estruturados? Há diferentes mecanismos para o reconhecimento das emoções positivas e negativas?
Investigando experimentalmente estas questões, estudiosos apresentaram várias imagens de expressões faciais a diferentes grupos de observadores, masculinos e femininos, os quais foram solicitados estimarem as intensidades das seis emoções básicas configuradas em cada expressão facial, numa escala de seis categorias, variando de 0 (não, no todo) a 5 (muitíssimo). As expressões emocionais eram apresentadas por apenas 20 ou 25 s, para tornar a tarefa de reconhecimento difícil e, por conseqüência, aumentar as diferenças individuais. Um escore de sensibilidade foi determinado para cada emoção. Todas as correlações estatísticas foram positivas, sendo em sua maioria significativa, sugerindo a existência de um traço, geral e comum, para todas as emoções. Não obstante, as correlações entre os escores de sensibilidade para felicidade e para qualquer outra emoção negativa, foram menores que as correlações entre os escores de sensibilidade para as emoções básicas negativas. Portanto, há uma fraca associação entre felicidade e emoções negativas, indicando um alto grau de especificidade do reconhecimento da emoção felicidade.
Os dados mostraram que se um indivíduo é sensível a uma dada emoção básica, ele é, também, provavelmente, sensível a outras emoções negativas. Mas, um indivíduo que é sensível à felicidade não necessariamente é provável de ser sensível às outras emoções básicas, e vice-versa. Este padrão de resultados implica que há: (1) um simples fator geral que explica uma quantidade substancial do reconhecimento individual das emoções negativas, mas que explica apenas uma pequena parte do reconhecimento de felicidade; 2) um compartilhamento mínimo entre os mecanismos subjacentes ao reconhecimento de emoções positivas e negativas e, 3) várias implicações diretas para a compreensão neurofisiológica do déficit de reconhecimento específico das emoções negativas e de como o envelhecimento afeta o processo psicofísico de reconhecimento.