A QUESTÃO PSICOFÍSICA DA DOR

A QUESTÃO PSICOFÍSICA DA DOR

Psicofísica é, usualmente, definida como um ramo quantitativo do estudo das relações entre os estímulos observados e as correspondentes respostas, bem como, dos mecanismos e dos processos responsáveis por estas relações. Tendo como suposição central que o sistema perceptual é um instrumento de mensuração de experiências, julgamentos e respostas, passíveis de serem sistematicamente analisados, estes podem ser classificados como estímulos métricos (expressos em unidades físicas) e não-métricos (sem unidades físicas). A amplitude de sua aplicação? Revelarem problemas dentro dos domínios da aprendizagem, memória, mensuração de atitudes e em psicologia social, bem como, modelos para analisarem tomadas de decisão em contextos inteiramente divorciados da percepção.

A dor, usualmente definida como experiência subjetiva, associada, ou não, a dano real ou potencial nos tecidos, pode ser descrita tanto em termos destes danos quantos por seus correlatos. Caracterizada como rica experiência multidimensional, varia na qualidade sensorial, na intensidade sensorial e em suas características afetivo-motivacionais. Porém, muitos são os clínicos e teóricos que a tratam como uma simples dimensão, variando apenas na magnitude, ainda que cientes de a mesma ser acompanhada por experiências psicológicas de sofrimento humano e de acudo estresse. Entretanto, sua subjetividade impede sua mensuração objetiva por instrumentos físicos, similares àqueles que mensuram peso corporal, temperatura, altura, pressão sanguínea e pulsações. Como se resolve isso? Observando medidas diretas (indicadores fisiológicos), como, por exemplo, resposta galvânica da pele, batimentos cardíacos, potencial evocado, dilatação da pupila, pressão sanguínea, suor palmar, saturação de oxigênio, pressão intracraniana, fluxo sanguíneo na pele, etc.

Neste contexto, técnicas psicofísicas podem ser utilizadas para assistir no diagnóstico e para monitorar o tratamento. De que forma? Um instrumento de mensuração da dor deve ser prático, confiável, sensível, válido e, também, possuir propriedades de escala de razão (se possível). As técnicas psicofísicas podem ser utilizadas para assistir no diagnóstico e para monitorar o tratamento. Um instrumento de mensuração da dor deve ser prático, confiável, sensível, válido e, também, possuir propriedades de escala de razão, se possível. O instrumento deve ser capaz de analisar separadamente os componentes, a saber, sensorial, afetivo, avaliativo e cognitivo.

A dor, sinal vital tão importante quanto os outros, deve ser sempre avaliada num ambiente clínico para se empreender um tratamento ou conduta terapêutica. A eficácia do tratamento e o seu seguimento dependem de uma avaliação e mensuração da dor confiável e válida. Todas as escolas médicas e de enfermagem, bem como, as de áreas paramédicas, deveriam, urgentemente, implementar em suas estruturas curriculares disciplinas, ou cursos, com o propósito de ensinar e de disseminar o uso dos instrumentos e escalas para avaliação e mensuração da dor. Não há motivos para complacência sobre o status do controle da dor; mas, sim, muitas razões para esperança.

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