
Relação entre Inteligência e resultados educacionais
Afirmamos em diferentes contextos que definições de inteligência incluem referências a aprender rapidamente, a solução de problemas, a habilidade para estabelecer relações, a pensar abstratamente, a compreender ideias e raciocínio complexos. Similarmente, habilidade cognitiva é importante para aquisição de conhecimento, bem como, para entender novas ideias rapidamente e usar estratégias mais eficazes para solução de problemas. Todas essas habilidades estão envolvidas, de alguma forma, em outros arranjos educacionais, de modo que é esperado que habilidade cognitiva tenha forte relação com uma vasta amplitude de resultados educacionais.
De fato, há vasta literatura científica mostrando que habilidade cognitiva correlaciona-se altamente com vários indicadores escolásticos: escores nos testes padronizados; séries e classificações escolares; planejamentos educacionais; aspirações e expectativas; supervisão e acompanhamento escolar; precoce evasão escolar; anos de escolaridade; ingresso na universidade; transição de um nível educacional a outro e outras medidas do desempenho estudantil.
Em geral sua influência é muito maior que o nível ou classe socioeconômica. A razão não é que habilidade determina resultados educacionais e que nível socioeconômico e outras características não tenham qualquer importância, mas, sim, que a influência da habilidade cognitiva é suficientemente importante para ser incorporada nas explicações teóricas dos resultados educacionais e deliberações políticas sobre educação.
É fácil observar nos escritos jornalísticos, bem como, nos de dirigentes, e demais “entendidos” da educação brasileira, que analisam desempenhos de nossos escolares em diferentes exames ou provas de aferição escolástica como ENEM, IDEB, PISA e Prova Brasil, entre outros, o destaque superior que é dado a atributos não cognitivos, do tipo traço de personalidade, motivação, nível e classe socioeconômica, renda dos pais, infraestrutura física e sócio-computacional da escola, qualificação e salário dos professores, tamanho da classe, sobre os resultados educacionais, por causa dos argumentos de que atributos não cognitivos são tão, ou mais, importantes do que a habilidade cognitiva para os mesmos.
Essa literatura, oriunda de diferentes países desenvolvidos ou em desenvolvimento, sustenta a hipótese de que: 1º) habilidade cognitiva tem robusto efeito de uma variedade de indicadores educacionais; 2º) esses efeitos não podem ser desmistificados como sendo devido ao nível ou classe socioeconômica; 3º) os efeitos da habilidade são consistentemente mais elevados do que s efeitos do nível socioeconômico e 4º) a habilidade cognitiva está se tornando mais importante para a educação.
A verdade é que, contrário ao senso comum que afirma ser a habilidade cognitiva uma função da classe social ou nível socioeconômico, e, por isso, importante para os resultados socioeducacionais, estudos bem controlados revelam ser a habilidade algo que tem elevados efeitos sobre o desempenho escolar independente do nível socioeconômico e, ainda, em muitos outros contextos, sua inclusão nas análises reduz de modo considerável o impacto do nível socioeconômico sobre estes mesmos resultados, quando não o torna insignificante em alguns casos