As rugas nos fazem mais velhos?

As rugas nos fazem mais velhos?

É manhã. Acorda-se de sono profundo e, ainda sonolento, ao olhar-se no espelho, ali estão elas: as rugas. Rugas e mais rugas. Algumas, superficiais. Outras, sulcos profundos. Então, a exasperada reflexão: “Estou ficando mais velho? O que fazer?”. Mas será a “quantidade” ou a “localização” das rugas o que nos deixa mais envelhecidos? Estudo conduzido por Aznar, Torro-Alves e Fukusima (Aging: Neuropsychology and Cognition, 1-16, 2010), usando um software de configuração de expressões faciais, utilizado pelo FBI e pela polícia montada canadense, considerou componentes quantitativos (número de rugas e sua profundidade) e qualitativos das rugas (características particulares de cada uma e sua localização na face), bem como, idade e sexo dos participantes, para verificar como diferentes tipos de rugas afetam nosso julgamentos do envelhecimento facial. A solicitação aos participantes? A produção de julgamentos categóricos (sem comparar-se com outro) e relativos (comparando-se com outro) do envelhecimento facial.

Os resultados do primeiro experimento mostraram que o número de rugas é uma variável importante na percepção do envelhecimento facial. Seus julgamentos indicaram que, quanto maior o número de rugas, tanto mais velha julgamos nossa face. Além disso, faces com sulcos mais profundos foram consideradas mais velhas do que aquelas com sulcos menos profundos. Também, as rugas contribuíram para tornar faces masculinas mais velhas que as femininas. Interessante é que, participantes mais jovens atribuíram menor idade às faces do que participantes adultos de meia-idade.

No segundo experimento, investigou-se o peso de certas rugas no julgamento que se faz do envelhecimento, usando um procedimento no qual participantes fizeram julgamentos de envelhecimento relativo entre pares de faces. Os resultados indicaram que a “densidade” das rugas (quantidade) tem efeito muito maior sobre julgamento de envelhecimento facial do que o “tipo” de ruga. Consequentemente, quanto maior o número de rugas, e a profundidade dos sulcos, tanto maior as estimativas de envelhecimento facial.

Na análise qualitativa, faces com olheiras, e olhos inchados, foram percebidos como mais jovens do que aqueles com rugas ao redor dos lábios e na área T(nariz e testa). No global, os resultados indicaram que o envelhecimento facial percebido foi mais fortemente influenciado pelo gênero da face do que pelo sexo do participante. Os autores concluíram que a quantidade de rugas é a responsável pela elevação na percepção do envelhecimento facial, não obstante, outras variáveis, tais como, o gênero da face e a idade dos participantes também parecem estar envolvidos no processo de estimação do envelhecimento facial. Assim, é a quantidade, e não a localização, das rugas que nos faz parecer mais velhos. No mais, velhice é questão de espírito: mais jovem é quem olha com juventude para a vida.

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