
Satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta
Meu amigo e, também, professor, Cassoni, às vezes, ironicamente comenta que, invariavelmente, nos meus argumentos sempre falo alguma coisa de Santa Barbara, Califórnia, cidade em que vivi e estudei num dos períodos mais felizes de minha vida. De fato, além de ter sido Professor Visitante na Universidade da Califórnia, Santa Barbara, fui, também, um cidadão pró-ativo naquela bela terra. Fui juiz de futebol e técnico do Meteors, um time de futebol (soccer) de meninos e meninas da Goleta Kellogg School. Os pais daqueles craques diziam que quando o técnico não falava bem o inglês, o time era campeão. Meu time não fugiu a regra e, além disso, teve o artilheiro do campeonato. Eram tantos os convites para “barbecue” que tive que frear as atividades não acadêmicas para alcançar as metas que havia previamente estabelecido. Santa Barbara é uma cidade exemplar, muito limpa, bem cuidada e organizada, apesar de eventualmente ser abalada por pequenos tremores provocados pelas acomodações de terra, às vezes, terremotos comuns naquelas bandas do pacífico. Todo ano, no mês outubro, ainda volto àquela Universidade para dar continuidade aos meus trabalhos de pesquisa que ora estão rareando.
Amo aquela cidade, mas não troco Ribeirão Preto por ela. Talvez, porque as aves que lá gorjeiam não o fazem tão harmoniosamente como cá. Há um ditado sueco que diz: somente aqueles que tiveram o prazer de conhecer terras distantes, sabem o quão bom é voltar à terra natal. Não sou exceção. Ribeirão Preto tem dois grandes atributos cardinais: sua gente e sua terra. Amo o povo ribeirão-pretano, sua bondade, seu carinho, seu sorriso, sua força de trabalho e, principalmente, sua perseverança. Amo esta terra calorenta, fértil, de sol brilhante e forte, de encantos mil, apesar de seus constantes buracos e maltratada pelos seus dirigentes, em geral, personalistas.
Em Santa Barbara, vivenciei uma situação relatada pela esposa do meu “sponsor” (padrinho teórico) que, naquela ocasião, me deixou gratamente surpreso. Numa bela tarde, ela havia adquirido dois travesseiros e à noite desembrulhou-os e usou-os pensando repousar melhor. No dia seguinte, calmamente, voltou ao hipermercado, procurou o gerente de relacionamento para devolver os produtos justificando que não ficou satisfeita com os mesmos que eram mais duros do que pareciam. O gerente imediatamente devolveu o montante despendido naquela compra. O lema da loja era e é ainda: satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta. Certamente, hoje, muitas lojas, comércio e serviços, lá, cá e em outras partes do mundo, adotam tal principio em respeito à “felicidade”, “satisfação” dos consumidores. Mas, nossas instituições de serviços públicos, especialmente, as prefeituras municipais adotam este fundamental principio? Então, responda, por favor, numa escala de 0 a 10, o quão satisfeito você está com os serviços prestados por sua prefeitura nas esferas da saúde, transporte, educação, infraestrutura, mobilidade urbana? Certamente, a maioria está profundamente insatisfeita. Ora, pagamos inúmeros tributos, impostos, tais como IPTU, IPVA e outros mais, mas os mesmos não nos retornam com serviços de qualidade. Oh, malditos buracos... Não seria hora de solicitarmos nosso dinheiro de volta, haja vista que não estamos satisfeitos com os mesmos? Esta é uma grande diferença entre Santa Barbara e Ribeirão Preto. Lá, os serviços são de alta qualidade, e os munícipes estão satisfeitos, enquanto cá, os munícipes estão eternamente insatisfeitos. E olha que, proporcionalmente, pagamos muito mais tributos.
Bem, talvez, esteja no momento de reivindicarmos a introdução do lema no município: satisfação garantida ou os seus impostos de volta.