Se beber não dirija. Se telefonar, também não.

Se beber não dirija. Se telefonar, também não.

Postado em 17 de Abril de 2014 às 09:04 na categoria Psicologia do trânsito

           O envio de torpedos e a conversação casual ou a trabalho, enquanto dirigindo, disfocam a atenção da tarefa primária de dirigir, aumentando, de acordo com pesquisas, a taxa de risco de colisão de 1,04 para 9, seja em ambiente real, seja em simulações de dirigir. A verdade é que motoristas, quando enviando textos, tem ampliado seu tempo de reação para frenagem, bem como, mais variável sua posição na pista, além de aumentado o tempo despendido em não olhar a pista, perdendo-a com frequência e variando muito a distância de seu carro em relação ao carro a sua frente. Ademais, manter a conversação usando telefone manual reduz a velocidade de dirigir, prejudica a detecção periférica, aumenta o tempo de reação às mudanças de sinais e na percepção de pedestres na pista. Mas, qual é a equivalência entre os efeitos de uma variedade de usos de telefone celular à diferentes níveis de intoxicação alcoólica no desempenho de dirigir um simulador de direção?

            Para responder a essa questão, doze participantes completaram uma tarefa de dirigir em dois dias distintos, com um intervalo de uma semana entre ambos. No dia envolvendo telefone celular, participantes realizaram a tarefa de dirigir em uma de quatro condições: 1ª) sem telefone celular, 2ª) conversando naturalmente no celular com as mãos livres, 3ª) conversando assuntos complexos no celular com as mãos livres e 4ª) enviando mensagens de texto via torpedo. No dia envolvendo consumo de álcool, participantes desempenharam a tarefa de dirigir em quatro diferentes níveis de consumo alcoólico: 1º) 0,00; 2º) 0,04; 3º) 0,07 e 4º) 0,10. O desempenho de dirigir foi avaliado por indicadores incluindo amplitude de velocidade, velocidade, tempo de reação de frenagem, desvio de velocidade e desvio lateral da posição na pista.

            Nas concentrações alcoólicas 0,07 e 0, 10 os participantes gastaram menos tempo para atingir um dado alvo e mais tempo para alcançarem a velocidade máxima permitida; aqueles nas concentrações 0,04; 0,07 e 0,10 tomaram mais tempo de frenagem do que aqueles participantes na condição 0,00. Na condição com celular, os participantes levaram mais tempo para brecar na conversação em viva-voz, assim como, na conversação complexa em viva-voz e na condição de enviar torpedos, gastando menos tempo em alcançar a velocidade máxima e o alvo nas condições cognitivamente complexas e enviando torpedos. Interessante é que, quando comparando as duas condições, a conversação naturalística foi comparável ao nível de concentração alcoólica permissível (0,04) e as conversações cognitivamente complexas e enviando torpedos foram similares às intoxicações alcoólicas de 0,07 a 0,10.

            Logo, alguns tipos de conversação em celular representam riscos significativos de dirigir similares ou mais elevados que o nível de intoxicação legalmente permissível.

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