
Seis constantes da liderança
Postado em 16 de Abril de 2014 às 15:04 na categoria Liderança
Howard Gardner, baseado em sua teoria das múltiplas inteligências, propôs o entendimento da liderança, especialmente da inteligência criativa. Sua concepção sugere que haja seis constantes de liderança, de forma que diferentes líderes, em variados graus, têm sucesso em cada uma dessas constantes. A primeira é uma história. O líder deve ter uma história para contar ou algum tipo de mensagem a ser disseminada. A história é mais eficaz a medida que a mesma apela à mente não escolarizada, isto é, uma mente que é mais vivenciada do que racionalizada em seu pensamento. As histórias necessitam considerar tanto a identidade do próprio indivíduo quanto aquelas do grupo, ou grupos, ao(s) qual(is) elas pertencem. Uma história é mais provável de ser bem-sucedida se ela for central ao que o líder realmente faz em suas ações. Em tempos de crises, a história necessita ser simplificada.
A segunda constante é a audiência. Não importa qual seja a história; se não há audiência para ela, a mesma é morta. Assim, um líder necessita uma história para a qual sua audiência responderá. O líder necessita levar em conta as vivências de pensamento da audiência, sendo que os tipos de mudanças que ele quer implementar devem ser sensíveis a esta. Do contrário, mudanças provavelmente não ocorrerão.
A terceira constante é a organização.Cedo ou tarde um líder necessita algum tipo de organização, ou outro suporte institucional similar. Líderes ditatoriais usualmente não necessitam de uma organização para abrigar suas vontades. Líderes não totalitários descobrem que se eles perderem o suporte organizacional, correm o risco de perder a liderança. A quarta constante refere-se à incorporação. Líderes devem, em algum momento, incorporar a história que ele conta. Se o líder fracassa em fazê-lo, sua liderança pode ser vista como imposição. Os líderes devem ser vistos como um padrão, um modelo. Muitas pessoas perderam a fé em líderes religiosos pelo fato destes manterem a robustez de sua liderança num padrão de moralidade que eles próprios, flagrantemente, violaram por corrrupções as mais diversas. Ninguém pode efetivamente liderar se pede para seus seguidores para fazerem o que ele diz, mas não o que ele faz (similar ao ditado “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”).
A quinta constante é a liderança direta e indireta. Na liderança direta, alguém tem algum tipo de poder sobre aqueles que lideram, como ocorre, por exemplo, com indivíduos em posições governamentais. Na liderança indireta, o poder emana dos produtos simbólicos que alguém cria. A liderança literária de José Saramago, bem como, a liderança musical de Mercedes Sosa, entre outras, foi indireta. A maioria dos líderes são indiretos, sendo o poder desta liderança indireta não necessariamente menor. Jesus foi um líder indireto, contudo, o mais poderoso líder de toda história.
A sexta constante é a expertise. Um líder necessita conhecer um domínio a fim de liderar eficientemente. Líderes diretos frequentemente tem conhecimento indireto; eles tendem a basear-se na expertise de seus acessores e de outros subordinados. Líderes indiretos mais frequentemente tem conhecimento direto, sendo, eles próprios, experts.
Em adição a essas constantes, a teoria de Gardner propões três referenciais para a liderança efetiva. O primeiro é apreciar as características duradouras da liderança, o que significa reconhecer e apreciar a importância das seis constantes mencionadas anteriormente. Se alguém perder de vista essas características, perde-se, também, a eficiência como líder. O segundo é antecipar e lidar com novas tendências. Muitos líderes são eficazes num dado momento de tempo, após o qual os mesmos perdem sua eficiência e não mais recuperam sua audiência. Frequentemente eles fracassam em lidar com as mudanças que acontecem muito rapidamente no mundo. Assim, o manto da liderança não é eternamente garantido e os líderes devem continuamente reinventá-lo. O terceiro é encorajar reconhecimento dos problemas, paradoxos e possibilidades de liderança. Um líder necessita educar sua audiência. Ao mesmo tempo, devendo reconhecer que a liderança é uma tarefa difícil às mentes não escolarizadas de muitos de seus seguidores.
Assim, um líder deve viver em um mundo dialético, no qual complicações inesperadas são exceções, mais do que a regra. Em resumo, um líder exemplar está consciente de mudanças no ambiente e capitaliza essas mudanças para renovar sua liderança.