As sete habilidades de uma lenda viva

As sete habilidades de uma lenda viva

           O maior fenômeno do futebol, verdadeira lenda viva, completou, recentemente, 70 anos. Mídias de todo o mundo enalteceram suas características de personalidade e inteligências múltiplas, marcando sua presença em diversas arenas da vida humana, nesta incluindo a ciência, uma vez que Pelé executava movimentos perceptuais motores calibrados e sincronizados obtidos a partir de diversos sentidos. De fato, considerando as inúmeras habilidades perceptuais-cognitivas, emocionais e motivacionais de Pelé, estas impressionam. Entretanto, sete delas, espaciais, merecem destaque.

            Sua “habilidade de movimento, em pequenos e grandes espaços”, revela apreensão rápida de conhecidos e novos campos de futebol, neles visualmente navegando com precisão. “Habilidade de codificar informação espacial a partir da experiência sensorial”, capturada pelos sentidos visual, vestibular, cinestésico, auditivo, tatual e motor. A partir desta, Pelé era hábil em obter informações acerca das acelerações linear e angular, integrando-as na busca pelo gol. “Habilidade para manter representação interna, de alta qualidade, das informações memorizadas”. Como um campo de futebol não pode, em sua totalidade, ser apreendido num olhar único, ele deve ser apreendido pelas informações capturadas ao longo do tempo. Neste caso, Pelé, através de sua habilidade em formar mapas cognitivos no espaço, mapeava, com exatidão, os quatro quadrantes do campo.

            “Habilidade para inferir novas informações partindo da memorização local dos jogadores em campo”. Pelé, de forma rápida e precisa, era capaz de fazer julgamentos da posição e da velocidade de deslocamento de seus companheiros e adversários. Percebia todos os espaços vazios do campo, mesmo não os visualizando diretamente. “Hábil em estimar direção, distância e velocidade da bola, em ambos os times”, era extremamente precisa, tornando sua movimentação, posição e passos, perfeitamente, calibrados. “Alta habilidade na atualização contínua de seu posicionamento, direção e distância em relação aos melhores locais em que se encontrar dos demais jogadores”, calibração, esta, efetuada quase instantaneamente. Finalmente, “a inigualável capacidade de integrar percepção e ação visualmente dirigida”. Suas percepções, olhos fechados ou abertos, eram emparelhadas. De forma a podermos dizer que, nele, também a visão era algo coadjuvante.

            Porém, é possível que, em conjunto, todas estas habilidades possam ser resumidas numa só: habilidade visuo-espacial-corporal-cinestésica, a qual, configurando sua precisão na ação, tornaram-no a lenda viva que emocionou e ganhou a nacionalidade do mundo. Talvez, por isso, quando indagados sobre o melhor jogador do mundo, vários são os nomes citados, menos o dele. E, ao perguntar-se o porquê, a resposta é simples: Pelé não é jogador, rapaz. Pelé é um “deus”.

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