
Temperatura no trabalho
Postado em 20 de Abril de 2014 às 14:04 na categoria Percepção e Psicofísica
Embora seja difícil avaliar, experimentalmente, efeitos da qualidade de ambientes internos sobre a produtividade de funcionários, alguns estudos têm revelado que as variáveis calor, frio, ruído e iluminação, entre outras, afetam fortemente a produtividade dos que nestes ambientes trabalham. Recentemente, investigação de enfoque neurocomportamental estudou, quantitativamente, processos perceptuais, aprendizagem, memória, pensamento e funções executivas envolvidas no desenvolvimento de tais tarefas, nele analisando o efeito da temperatura do ar interno, variando em 17 ºC, 21 ºC e 28 ºC, sobre a produtividade. Os participantes desempenharam testes neurocomportamentais computadorizados e seus parâmetros fisiológicos, incluindo variação na taxa cardíaca (VTC), e registros eletroencefalográficos (EEG) foram, também, coletados, com escalas subjetivas sendo empregadas na captura da emoção, bem-estar, motivação e carga de trabalho, impostas, em sua totalidade, pelas tarefas.
Ficou revelado que: (1) tensão, irritação e perturbação geral do humor foram, significativamente, afetadas pela temperatura do ar. Participantes vivenciaram mais sentimentos negativos em 28°C e menos sentimentos negativos em 21°; (2) a percepção de bem-estar e a motivação dos participantes para o trabalho foram, também, significativamente, afetadas pela temperatura interna, indicando o melhor bem-estar percebido na condição fria e neutra do que na condição quente e, em relação à motivação, os participantes tiveram-na maior para o trabalho na condição neutra do que na condição quente. (3) a temperatura do ar teve efeitos significativos sobre a carga de trabalho percebida, revelando que os participantes perceberam que as cargas de trabalho foram, significativamente, mais altas, em 17° e 28° do que em 21°. Também, a temperatura teve efeito significativo sobre o esforço, haja vista que, as tarefas demandaram mais esforço para serem realizadas em 17° do que em 21°. Além disso, os dados obtidos indicaram a tendência de que a acurácia e a velocidade no desempenho nos testes neurocomportamentais diminuíram num ambiente, moderadamente, desconfortável e, também, com o aumento da carga mental geral, isto é, os participantes tiveram desempenho mais pobre quando a carga mental foi mais alta.
Como (4), em relação aos parâmetros fisiológicos, os dados revelaram que o desconforto em temperaturas quentes aumentou a razão entre baixa e alta freqüência da taxa de variação cardíaca. Além disso, parâmetros eletroencefalográficos foram significativamente afetados pela temperatura, diminuindo a 17° ou 28° comparado com a condição neutra. No geral, os resultados indicam que o desconforto térmico causado por baixa ou alta temperatura tem influência negativa na produtividade dos funcionários que trabalham em ambientes fechados.