
Tempo de reação em altitudes elevadas
Postado em 20 de Abril de 2014 às 14:04 na categoria Percepção e Psicofísica
Altitudes elevadas são caracterizadas por ambientes hipobáricos e hipóxicos, que podem levar à várias alterações patofisiológicas, nestas, incluindo, indisposições à alturas agudas, bem como, à edemas cerebrais e pulmonares, ambos provocados por elevadas altitudes. Tradicionalmente, estudos têm investigado mais os efeitos da altitude sobre mudanças fisiológicas, entretanto, recentemente, também as alterações cognitivas têm sido examinadas, tais como: desempenho motor, percepção, aprendizagem e memória.
Uma medida sensitiva de funcionamento cognitivo é o tempo de reação. Este é o tempo necessário para responder a um estímulo. Numa tarefa de tempo reação simples, um indivíduo é solicitado a responder a um estímulo simples, univariável, como som ou luz, o mais rapidamente possível. Por outro lado, numa tarefa de tempo de reação complexa, há múltiplos estímulos, cada um tendo sua respectiva resposta. Neste caso, o indivíduo deve diferenciar estes estímulos, escolhendo a resposta apropriada para cada evento. Quaisquer destes paradigmas, por serem simples, são úteis no estudo dos efeitos da alta altitude sobre a cognição.
Neste contexto, estudo recente investigou o efeito da altitude, variando entre 1.992 a 5.565 m acima do nível do mar, sobre o tempo de reação e sobre a variabilidade intra-individual, empregando a tarefa de tempo de reação complexa, a qual envolveu quatro escolhas. Além disso, medidas dos sinais vitais, como saturação de oxigênio na circulação periférica, pulsação, taxa respiratória e temperatura corporal foram coletadas. Também, uma escala, avaliando dor de cabeça, sintomas gastrointestinais, fadiga, tonturas, irregularidades no sono e estado mental, caminhar na ponta dos pés/calcanhares e edema periférico. Sumariadamente, os dados mostraram que a taxa respiratória foi, positivamente, correlacionada com a altitude, sendo menor na linha de base (nível do mar), e, duas vezes maior em altitudes elevadas. A saturação de oxigênio sanguíneo periférico foi alta e negativamente correlacionada com a altitude, diminuindo nos picos elevados, em relação à linha de base (nível do mar).
A pulsação também foi correlacionada com a altitude, aumentando da linha de base (nível do mar) para a altitude mais elevada. O escore médio da escala aumentou com a altitude, variando de 0,33 no nível do mar a 1,69 nas altitudes mais elevadas. Finalmente, observou-se que o tempo de reação médio, e a variabilidade intra-individual, correlacionaram-se positivamente com a altitude. O tempo de reação médio aumentou de 261 para 289 ms, entre a linha de base (nível do mar) e as três altitudes mais elevadas. A variabilidade intra-individual também aumentou de 40 para 61 ms nos picos elevados. Portanto, tempo de reação torna-se, substancialmente, prejudicado, acima de um limiar de 4000m de altitude.