TRATAMENTO DE DOR CRÔNICA

TRATAMENTO DE DOR CRÔNICA

              Estudos epidemiológicos recentes têm verificado a ocorrência de aproximadamente 20% de dor crônica na população em geral, fato, este, que a destaca como grande fonte de morbidade na população, capaz de afetar significativamente a qualidade de vida, e as atividades cotidianas, das pessoas por ela acometidas. Frequentemente acompanhada por depressão, desordens relacionadas ao sono e, até mesmo, baixa autoestima, a dor crônica representa, também, um desafio social substancial em termos de custos diretos (utilização dos recursos de saúde) e indiretos (compensações sociais, pensões, aposentadorias, perda de produtividade e habilidades).       

               Oriunda de múltiplas fontes, este tipo de dor envolve diferentes vias e mediadores químicos, o que significa que poucos medicamentos simples conseguem ser completamente eficientes no controle de sua exacerbação. O que isso acarreta? Que o agente analgésico prescrito deverá combinar eficácia a mínimos fatores de riscos a longo-prazo, incluindo, dentre estes últimos, efeitos em órgãos-fins dos sistemas cardíaco, hepático, renal e gastrointestinal. Boa tolerabilidade é também importante para otimizar a qualidade de vida do paciente, bem como, encorajar aderência a terapia medicamentosa.

               Assim considerado, tratamentos envolvendo um único agente analgésico têm limitações consideráveis. Exemplos? Casos de anti-inflamatórios e opioides puros que exercem seus efeitos anti-nociceptivos num simples alvo, enquanto muitos pacientes vivenciam múltiplos tipos de dor através de diferentes vias. Entretanto, cabe lembrar que, ainda que o agente tenha múltiplos mecanismos de ação, é pouco provável que ele controle todos os tipos de dor. Ademais, elevar a dosagem de um simples agente medicamentoso aumenta seu potencial para efeitos adversos, e isto se torna preocupante quando drogas são usadas por longos períodos. Logo, combinações de drogas analgésicas acenam cenários de que enriquece a eficácia, especialmente contra múltiplas etiologias de dor, enquanto simultaneamente melhorando a tolerabilidade por reduzir a dosagem dos agentes individuais.

               A lógica subjacente à pratica de combinar drogas para o manejo e controle da dor apóia-se principalmente sob duas considerações. Primeiro, o uso de drogas isoladas nem sempre fornecem alívio de dor satisfatório: combinações de drogas que atuam em diferentes receptores e com diferentes mecanismos podem enriquecer o alívio da dor. Segundo, simples agentes que fornecem satisfatório alívio de dor podem causar, ao mesmo tempo, inaceitáveis efeitos adversos. Combinações de drogas podem permitir a redução na quantidade dos simples componentes para alcançar o mesmo efeito analgésico com uma menor incidência de efeitos adversos. Claramente, isto é verdadeiro se a interação medicamentosa favorece o efeito analgésico, mais do que a toxicidade.

                   Logo, a combinação de agentes analgésicos é eficaz para tratamento de diversos quadros clínicos de dor crônica não cancerígenas. Tal combinação beneficia-se das ações complementares de seus analgésicos constituintes, tendo um rápido início devido a um dos agentes e um efeito sustentado devido ao outro agente com ação complementar. A eficácia analgésica da combinação é comparável à de controles positivos, sendo seus efeitos adversos menores que aqueles esperados com o uso exclusivo da monoterapia, ou seja, com a administração de um único agente visando exclusivamente a redução da intensidade da dor e não de seus componentes afetivo-emocionais.

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