
Tratamento de dor em idosos
Dor é uma queixa comum dos idosos. À medida que o número de pessoas com mais de 65 anos continua a aumentar, fragilidade e doenças crônicas associadas com dor provavelmente aumentarão. Devido a isso, os médicos envolvidos com cuidados primários certamente enfrentarão um importante desafio em relação ao manejo da dor em idosos. Os idosos são mais prováveis de terem artrite, fraturas e desordens nas articulações, câncer e outras doenças crônicas associadas com dor. De fato, os três lugares mais comuns de dor em idosos são as costas; pernas e joelhos ou quadril ou outras articulações. Em comum com outras populações funcionais, as atitudes e crenças das pessoas idosas influenciam todos os aspectos de sua experiência com dor. Estoicismo é particularmente evidente dentro dessa população especial. Estima-se que 25 a 50% dos idosos da comunidade queixam-se de importantes problemas relacionados à dor, e esta prevalência é muito maior, entre 45 e 80%, quando se consideram idosos residindo em centros geriátricos. Na realidade, milhões de pessoas ao redor do mundo vivem com dor crônica. E, à medida que envelhecemos se aceita que muitas pessoas terão dor a qual é frequentemente “esperada como parte do envelhecimento”, ou alguma coisa que eles têm de “aprender a conviver”.
Dor pode ter grande impacto tanto na qualidade de vida quanto na qualidade dos cuidados dos idosos. Os idosos com muita frequência são não tratados ou inadequadamente tratados. As múltiplas consequências da dor crônica entre pacientes idosos incluem depressão, diminuição da socialização, perturbações do sono, isolamento social, ansiedade, imobilidade e deambulação prejudicada, bem como, aumento nos custos e usos dos cuidados com a saúde. Também, a presença da dor pode piorar condições concomitantes, tais como, distúrbios da marcha, predisposição a quedas, disfunções cognitivas e má nutrição. Razões que os médicos invariavelmente citam para o controle inadequado da dor incluem a falta de treinamento, avaliação incorreta da dor e relutância para incluir opióides. Como as doenças frequentemente têm uma apresentação atípica nos idosos, especula-se que a percepção de dor possa ser diferente nos mesmos. Ainda que a sensibilidade e a tolerância à dor possam variar entre as idades, aceita-se que tais diferenças provavelmente não tenham um impacto clínico significativo. Estudos sugerem que há algumas diferenças relacionadas à idade na percepção de, e na resposta a dor. A resposta à dor moderada é reduzida em muitos indivíduos, mas as pessoas idosas podem ser mais sensíveis dor severa. O aumento no limiar absoluto da dor pode levar a um retardo no diagnóstico e a uma pobre recuperação, enquanto um limiar de tolerância aumentado para a dor severa acarreta problemas em relação ao manejo da dor. Ademais, sub-prescrição de opióides aos idosos contribui para manejos da dor inapropriados.
Como no caso do uso de qualquer medicação prescrita aos idosos, estes, provavelmente, têm um risco mais elevado de reações adversas provocadas por agentes farmacológicos administrados para analgesia. Esta predisposição é provável devido às mudanças farmacocinéticas que ocorrem, tais como, reduzida excreção renal e metabolismo hepático, bem como, mudanças farmacodinâmicas que ocorrem com a idade, tais como, uma sensibilidade aumentada a certos analgésicos, particularmente aos opióides. Embora as reações adversas às drogas em idosos constituem-se em riscos significantes, intervenção farmacológica para o manejo da dor ainda é a principal modalidade de tratamento. Além de considerar mudanças farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas à idade, os clínicos devem considerar a probabilidade de que haja interações entre drogas e entre drogas e as doenças. Apesar destes desafios, dor em idosos pode ser controlada, mas muito provavelmente irá requerer ensaios com vários agentes e cuidadosas titulações de dosagens. Devido ao fato de que pacientes idosos podem ter uma sensibilidade aumentada particularmente em relação às medicações analgésicas, é provável que menores dosagens possam ser eficazes quando comparadas com aquelas prescritas para pacientes mais jovens.
Às vezes, combinações de analgésicos podem ser requeridas. De fato, a combinação de agentes com mecanismos de ação complementares tem o potencial de beneficiar pacientes que sofrem de dores multifacetadas. Terapia combinada pode potencialmente fornecer eficácia aditiva modulando a atividade neuronal em mais de um sítio (local) ao longo das vias de processamento de dor. Esta combinação, além de trazer um alívio mais eficiente da dor, o faz de maneira mais tolerável e, portanto, com um baixo risco de efeitos adversos. Também, a terapia combinada pode-se constituir numa analgesia eficaz e segura para os sintomas decorrentes da dor musculoesquelética, incluindo osteoartrite, dor lombar crônica, e é recomendada para grande parcela de idosos, especialmente, dos pacientes com 65 anos ou mais. A combinação, por usar drogas com mecanismos de ação complementares, pode ter efeitos sinérgicos fornecendo, portanto, um maior alívio da dor com poucas reações adversas do que aquelas causadas por doses mais elevadas de um simples agente medicamentoso.