As três facetas do talento

As três facetas do talento

       Ao identificar crianças como talentosos em um ou mais domínios, as escolas focalizam o que as crianças conhecem sobre os mesmos, isto é, seu desempenho escolar e a habilidade das crianças para aprenderem sobre aquele domínio mais rapidamente e completamente do que o fazem outros indivíduos, isto é, suas aptidões escolares. Porém, adultos talentosos são usualmente identificados em termos dos papéis de liderança que eles desempenham em seus campos do saber e não em termos de quão rapidamente eles aprendem acerca de seus domínios. Por exemplo, Mozart era um compositor líder no sentido de que outros músicos seguiam seu estilo de composição e tocavam suas músicas. O estilo de Picasso, como artista, tem sido imitado por muitos seguidores e outros tem simplesmente admirado seu estilo. Grandes líderes políticos comparam seu estilo de liderança com aqueles dos grandes líderes, tais como, Kennedy, Mandela, Churchill.

            O talento é, em grande parte, uma função da criatividade em gerar idéias, inteligência analítica em avaliar a qualidade dessas idéias, inteligência prática em implementá-las e convencer outros de seu valor, os quais passam a segui-las, e sabedoria para assegurar que as decisões e suas implementações sejam para o bem comum de todos os seguidores. Portanto, estas três facetas, a saber, criatividade, inteligência e sabedoria, constituem a base para identificar os talentosos. Estas facetas não são meramente inatas e embora possam ser parcialmente hereditárias, elas podem ser modificadas. As pessoas podem desenvolver sua criatividade, inteligência e sabedoria, assim, ninguém é nascido “talentoso”. Ao contrário, talento na sabedoria, inteligência e criatividade é, em algum grau, uma forma de desenvolver competência e expertise, onde os genes interagem com o ambiente. O ambiente fortemente influencia a extensão em que seremos hábeis em utilizar e desenvolver quaisquer potenciais genéticos que temos.

            Criatividade refere-se às habilidades e atitudes necessárias para gerar idéias e produtos que são (a) relativamente novos, (b) de alta qualidade e (c) apropriado para tarefas do momento. Criatividade é importante para o talento porque ela é o componente a partir do qual geram-se idéias que influenciarão os outros.

            Inteligência parece ser importante para o talento, mas, pergunta-se, “Quão importante?”. Inteligência, no caso do talentoso, não é concebida exclusivamente no seu sentido mais estrito, tal como a inteligência geral. Ao contrário, ela é entendida como a inteligência para o sucesso, ou seja, como as habilidades e atitudes necessárias para ser bem-sucedido na vida, dada sua própria concepção de sucesso, dentro de seu próprio ambiente sócio-cultural. Assim considerando, inteligência para o sucesso conduz as pessoas a equilibrarem a adaptação para modelagem e seleção dos ambientes visando capitalizar as potencialidades e compensar ou corrigir as fraquezas.

            Um indivíduo talentoso pode ter todas as habilidades e atitudes para tal, bem como, as acima descritas, e ainda faltar-lhe uma qualidade adicional que categoricamente é a mais importante que uma pessoa pode ter, mas, talvez, também, a mais rara. Esta é a sabedoria. Concebida como a extensão em que o indivíduo usa a inteligência, a criatividade e o conhecimento modulados por valores ético-positivos para (a) buscar e alcançar o bem comum, (b)equilibrar os interesses interpessoais, intrapessoais e extrapessoais e (c) a curto e longo prazos para (d) adaptar, modelar e selecionar ambientes. Sabedoria é, em grande parte, uma decisão para usar sua inteligência, criatividade e conhecimento para o bem comum

          Um sábio sempre faz uso de sua inteligência e criatividade, bem como, das de sua equipe com um objetivo único e salutar: o bem-estar da população.

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