
UM DESBRAVADOR DA OTOTOXICIDADE
José Antônio Apparecido de Oliveira desde menino sentia afinidades pela Biologia. Descobrir quais elementos que constituíam o homem, formando-o e fazendo-o "funcionar" com tanta precisão, desde a célula mais simples ao mais complexo sistema, sempre lhe fora extremamente fascinante. De tal forma que se graduar em Medicina lhe pareceu a opção mais coerente para se aprofundar em tais assuntos. Concluída a graduação, após a residência médica pós-graduou-se em Otorrinolaringologia e Otologia, buscando se aperfeiçoar em técnicas de audição e experimentos clínicos. A surdez, ocasionada pelo uso de determinados antibióticos, como a amicacina, por exemplo, lhe era um mistério a desvendar. E, uma vez estudados os trabalhos mais relevantes sobre o assunto, disponíveis em solo brasileiro, sentiu ter chegado a hora de buscar em outras culturas o que de novo se descobria sobre tal assunto.
De suas viagens ao exterior, motivadas pela pesquisa, Oliveira se lembra, com satisfação, de uma bolsa que lhe foi outorgada pelo Consulado Francês, permitindo-lhe trabalhar em um laboratório de microscopia eletrônica com a ototoxicidade ocasionada por antibióticos aminoglicosídeos. Concluído tal trabalho, sua tese de doutoramento, Efeitos do salicilato de sódio sobre o labirinto de cobaias, foi enviada para publicação em Bordeaux e, uma vez publicada, permitiu a Oliveira ser agraciado com uma premiação internacional na área. Por outro lado, tendo sido o berço de sua glorificação inicial enquanto pesquisador, a França também lhe despertou, com seus prédios históricos e sua imensa cultura, um intenso prazer em levar ao restante do mundo tudo o que pudesse aprender em sua área de atuação. Em relação ao futuro de suas pesquisas, Oliveira espera que a sua descoberta sobre a autoproteção auditiva consiga ser cada vez mais abrangente, de tal forma que se possa verificar se a mesma é ou não um fenômeno biológico geral. Sendo isto possível, Oliveira entende que a ciência brasileira poderá conhecer e utilizar um mecanismo de defesa contra os efeitos colaterais tóxicos de drogas medicamentosas. Refletindo sobre os problemas nacionais, Oliveira entende que é fundamental que o governo melhore as condições de trabalho para os cientistas, respeitando o profissional que busca a melhoria das condições humanas sem prejudicar o seu semelhante, ou seja, conservando os limites biológicos do Homem.
Sendo a pesquisa uma atividade que lhe ocupa quase que integralmente, Oliveira afirma se dedicar muito à Pós-Graduação, além da Graduação e ao novo Curso de Fonoaudiologia oferecido pela Universidade de São Paulo, no Campus de Ribeirão Preto. Mas, sempre que lhe é possível, gosta de estar com a família e de curtir os netos. Futebol, música, dança e, atualmente, incursões enquanto baterista, são opções de lazer que também aprecia. Segundo ele, o livro As maravilhas do conhecimento humano, de Bertrand Russell, os filmes de Alfred Hitchcock e a música Um homem e uma mulher são exemplos de produções artísticas que deveriam ser conhecidas por todos. Cita os livros Audiovestibular Toxicity of drugs, publicado nos Estados Unidos pela editora CRC Press, e Otorrinolaringologia: princípios e práticas,
com dois colegas brasileiros, assim como os artigos Self-potection against aminoglycosides ototoxicity in guineapigs, A new experimental model of acquired cholesteatoma e Miringoplastia com a utilização de um novo material biossintético como suas produções mais relevantes, sempre com a participação de membros de sua equipe e alunos de pós-graduação. Com relação ao incentivo aos jovens pesquisadores: Trabalho, dedicação e vontade de vencer são elementos que revisam o sonho profissional de todo pesquisador. Aliar isto a uma grande dose de paciência, perseverança e fé em Deus é aprender que é caminhando que se constrói o caminho.