
Vendo e sentindo volume de objetos
Qual a maior entre duas garrafas de formas diferentes que não diferem muito em seus tamanhos físicos? Você poderia julgar apenas olhando, explorando-as com suas mãos ou usando ambos os sentidos ao mesmo tempo. Após escolher seu tipo de exploração, qual seria o efeito da forma das garrafas sobre sua decisão? Estudos têm revelado que, com crianças e com adultos, o volume visualmente percebido de objetos cilíndricos e prismas retangulares é positivamente influenciado pelo seu alongamento.
Este viés nos julgamentos persistiria quando objetos são explorados hapticamente (tato e cinestesia) ou visual e hapticamente ao mesmo tempo? Para responder a esta questão participantes julgaram o volume de diferentes estímulos nestas três condições. Para cada modalidade sensorial, o experimento consistiu de nove condições: três pares de objetos (tetraedro-esfera, tetraedro-cubo, cubo-esfera) e três tamanhos de objetos (pequeno, médio, grande). Com objetos de diferentes tamanhos pode-se investigar se o efeito da forma sobre a percepção de volume permanece constante ao longo da amplitude dos estímulos. As condições foram iguais, exceto o tipo de modalidade sensorial (visual, háptica e bimodal) na qual os participantes exploravam os objetos. Na condição visual, eles primeiramente exploravam o estímulo à sua direita e, então, giravam e exploravam o estímulo à esquerda. Após exploração, indicavam qual dos dois estímulos era maior em volume. Na condição bimodal, os participantes podiam usar simultaneamente a informação visual e a háptica. Para obter informação visualmente, eles foram instruídos a olhar os estímulos. Na exploração háptica, foram instruídos a circunvizinhar os estímulos. Em ambas, indicavam qual estímulo tinha o maior volume. O tempo de exploração não foi restrito, mas foi solicitado aos participantes que o fizessem o mais rápido e precisamente possível.
Os dados revelaram que a percepção visual, háptica ou bimodal do volume de objetos tridimensionais não é verídica e que em todas as modalidades há um viés perceptual: o volume de um tetraedro foi (em média) superestimado quando comparado ao volume de um cubo ou de uma esfera, e o volume de um cubo foi superestimado quando comparado àquele de uma esfera. Este padrão de resultados foi independente dos diferentes tamanhos de objetos. Na percepção visual de volume, as estratégias dependeram dos objetos que foram comparados e os julgamentos tiveram maior variabilidade. As análises para as condições háptica e bimodal mostraram resultados mais consistentes, indicando que a superfície da área dos estímulos influenciou os julgamentos. Isto sugere que a percepção bimodal de volume é mais influenciada pela informação háptica do que pela visual. Mas, vieses perceptuais ocorrem para diferentes pares de objetos nas três diferentes modalidades sensoriais.