
Vitaminas e declínio cognitivo
Doença de Alzheimer (DA) é a mais comum das causas de demência, respondendo por quase 80% dos casos. O principal fator de risco para a DA é a idade, com sua incidência dobrando a cada cinco anos após a idade de 65 anos. Níveis plasmáticos rebaixados de algumas vitaminas, em pacientes com DA, comparados aos idosos cognitivamente saudáveis, mesmo na ausência de má nutrição, têm levado a investigações sobre o papel das vitaminas na prevenção do declínio cognitivo e do início de DA. Tem sido registrado que deficiência nas vitaminas do grupo B, particularmente as vitaminas B1 (tiamina), B6, B9 (ácido fólico) e B12 podem contribuir para o declínio cognitivo associado a idade, bem como, que níveis baixos de vitamina B, B6 e B9 podem levar à níveis elevados de homocisteina, o qual é fator de risco modificável para DA. Enquanto níveis plasmáticos baixos de vitamina C têm sido registrado em alguns pacientes com DA, a despeito de uma dieta adequada, outros estudos têm avaliado o consumo e os níveis funcionais de vitamina C em DA e sujeitos normais, encontrando níveis similares em ambos os grupos.
Assim considerando, estudo recentemente publicado no “The journal of nutrition, health & aging” empreendeu revisão para avaliar a evidência de estudos humanos sobre o consumo de vitaminas em monoterapias, ou em combinação com outras vitaminas, como agentes neuroprotetivos que possam retardar o início do declínio cognitivo em adultos idosos. Para isso, buscas na literatura foram realizadas, especialmente naqueles estudos que focaram o uso de diferentes complexos vitamínicos e seus efeitos sobre o declínio cognitivo em idosos. A população considerada foi composta por adultos humanos sem DA no início do tratamento, incluindo aqueles que registraram dificuldades com a memória e/ou com incapacidade cognitiva leve resultante do processo de envelhecimento, mas, não, devido a incapacidade cognitiva provocada por alguma lesão cerebral. A revisão considerou apenas estudos quantitativos que analisaram os efeitos das vitaminas como agentes neuroprotetivos, sendo as seguintes as vitaminas incluídas no estudo, vitamina A (incluindo Beta-caroteno), vitaminas do grupo B (B1, B3, B6, B7, B9 – folato-, B12), vitamina C, vitamina D e vitamina E. A revisão não considerou estudos de suplementos multivitamínicos ou estudos que combinaram drogas com vitaminas e suplementos.
A metanálise realizada revelou que não houve qualquer associação para benefícios cognitivos das vitaminas B6 ou B12 em monoterapia e uma cuidadosa revisão sistemática não forneceu evidências claras de que a suplementação com vitaminas B6, B12 e/ou ácido fólico melhore os resultados da demência ou retarde o declínio cognitivo, ainda que elas possam normalizar os níveis de homocisteína. Não há evidência convincente para uma associação de vitamina A, vitamina C ou vitamina E como monoterapia ou em combinação com outras vitaminas antioxidantes como Beta-caroteno e a prevenção do declínio cognitivo. Em outras palavras, a avaliação da totalidade da evidência disponível, atualmente, indica que o consumo das vitaminas mencionadas acima, administradas como monoterapia, ou em combinação com outras vitaminas, não têm qualquer efeito clinicamente relevante em retardar o declínio cognitivo ou retardar o início da demência em adultos idosos. Todavia, deve-se destacar a heterogeneidade entre os estudos, bem como, a necessidade de um melhor consenso sobre as definições de declínio cognitivo, duração da testagem e concordância sobre quais indicadores específicos são clinicamente relevantes.