Cachorro não é gente! ! !

Cachorro não é gente! ! !

Da série “CAUSA ANIMAL”, o perigo da humanização de cães.

Demasiadamente humanos, hoje os cães usam roupas, passeiam no shopping, fazem sessões de spa - foram promovidos a filhos. A relação homem-animal têm se estreitado cada vez mais desde a domesticação do canídeo selvagem até os dias de hoje. Este relacionamento se tornou tão íntimo que surgiu um conceito novo: o cão humanizado.

 Neste artigo vamos abordar um assunto que muitas vezes traz certo incômodo às pessoas. O tratamento humano que damos aos nossos cães, ao contrário do que pensamos, é altamente prejudicial para o animal. Pensando estar fazendo o certo, erramos e negligenciamos a natureza do animal, desrespeitando sua essência.

O cão (Canis lúpus familiaris) é um mamífero canídeo, subespécie do lobo e possivelmente o animal mais antigo domesticado pelo homem. Alguns estudos genéticos indicam que o nosso cão surgiu do lobo cinzento no continente asiático há mais de 100.000 anos – a data exata permanece inconclusiva até o momento.

 Conversei com o especialista Sérgio Cantadeiro do Centro de Psicologia Canina Cantadeiro’s Kennel em Ribeirão Preto, onde se prioriza pela excelência em atendimento tanto para cães como para seus donos. A metodologia de trabalho do Cantadeiro’s Kennel baseia-se no princípio de que devemos ser fortes, íntegros, verdadeiros, pacientes e amorosos, compreendendo os cães, mas nunca humanizando, respeitando sua natureza e em consequência os cães nos reconhecerão como seus líderes.

 Sérgio destaca fatores que indicam se o cão é humanizado, como isso afeta na saúde mental deles e o tratamento adequado que devemos ter em relação aos nossos cães.

DISCIPLINA = REGRAS, LIMITES e RESTRIÇÕES! O contrário disso traz confusão mental ao cão – ele não sabe se ele é líder ou se ele é liderado. Ele se confunde na posição hierárquica da matilha. Quais as consequências disso? Ele demonstra problemas, como agressividade, começa a rosnar o tempo todo aparentemente “do nada”- porque você não está sabendo impor limites a ele. Se quiser que o cão entre no quarto, por exemplo, você o chama, pois ali é restrito aos líderes. E o cão só deve entrar quando há permissão do líder!

 A pior coisa para humanizar o cão é você falar como ser humano com ele. O cão precisa de uma linguagem firme e atitudes comportamentais dos donos que demonstrem liderança. Com isso eles sentem que jamais serão abandonados. O cão neste caso é um cão equilibrado. Isso para o cão é bom – ele se sente bem, tem uma qualidade de vida melhor sendo cão e não humanizado. A qualidade de vida melhora quando o cão é educado de acordo com as leis deles, não de acordo com as nossas.

Hoje em dia as frustações humanas são transferidas para o cão. Quando se está magoado, triste, você vai para o cão e joga toda essa energia pra ele. O cão é 100% energia! Quando você chora, por exemplo, ele acha que você está com dor, então ele te lambe. O ser humano interpreta do jeito que ele quer. E interpreta como? Como se o cão estivesse “pensando” o quanto ele ama seu dono.

 A humanização do cão pode acarretar na perda da identidade, e isso acontece com muitos cães. Ele para de trabalhar o faro, e começa a trabalhar o visual. O cão em sua essência, não trabalha o visual, o cão é um farejador nato! Por isso que eles urinam marcando território, raspam a pata, etc. Ao contrário do que muitas pessoas pensam o cão não transpira pela boca, ele mantem a temperatura do corpo pela boca, ele transpira pelas patas. Por isso muitos cães urinam e raspam o chão – é uma forma de marcar território com o cheiro deles. Muitos cães levantam cada vez mais as patas para urinar, pois quanto mais alto ele urina, mais alto fica o cheiro e aparentemente ele é um cão enorme – mesmo não sendo grande fisicamente. Os cães usam desta “malandragem”.

 A perda de identidade canina torna o cão altamente agressivo e antissocial, ele se automutila gira em falso, é extremamente agitado, pula na parede como louco. Por quê? Porque ele está extremamente estressado e confuso mentalmente. Às vezes ocorrem problemas cardíacos e dermatites. O cão é submetido a um estresse psicológico elevado. Ele deixa de ser cão. Roupinha em cães, por exemplo, os deixam morrendo de calor – ele já tem um cobertor natural. O cão pode até sentir um pouco de frio, mas, não passa frio – SENTIR, não PASSAR FRIO! Se isso ocorre, ele vai para um cantinho, se enrola, e assim é que ele se aquece – ele sabe como se proteger, é natural dele. O uso de acessórios prejudica a defesa imunológica do animal, os cães ficam doentes com mais frequência. Colchão para cães prejudica a coluna do animal!

 Antigamente nos primórdios, nas florestas, o que os cães faziam? Como os cães fazem para se refrescar? Ele cava, por exemplo. Na natureza, antigamente, eles peregrinavam. É natural viver em matilha. Eles enxergam os seres humanos como uma matilha. É importantíssima a expressão corporal ao lidar com os cães.  

 Excesso de carinho no cão é confundido com submissão. É como se estivéssemos lambendo e sendo submissos a ele. O cão gosta de ser liderado e ter limites, porém, quando isso não corre, ele naturalmente desenvolve o papel de líder – o que ocorre em uma matilha. Tudo tem sua hora e seu momento.

 O cão tem que obedecer todos os moradores da casa. Ele está em último lugar na hierarquia, pois se ele se achar superior a alguém da família, quando algo entrar em disputa, ele vai atacar – essa é a linguagem do cão.

Em uma matilha, o macho alfa e a fêmea beta ficam no centro da matilha quando estão agrupados ou descansando, sendo que obedecem a uma hierarquia dos mais fortes até os mais fracos (medrosos), por regra que os mais fracos ficam nas extremidades, Por quê? Porque qualquer barulho que eles ouvem eles latem e o líder sai do centro da matilha e entra em defesa.

 O faro para o cão é como a visão pra nós. Não há problemas quando nosso cão sente cheiro de outro em nós – isso não o desagrada e não é uma ameaça pra ele. Se for um cão dominante em casa, e você chegar com o cheiro de outro cão, o que o seu cão vai fazer é marcar território urinando – reforçando que o ambiente é dele.

Caso o cão seja humanizado, perdeu a identidade, é possível reverter o quadro trazendo ao cão a verdadeira identidade!

Devemos ter cuidado quanto à maneira em que criamos nossos cães. Se você vê e trata seu peludo como um bebê indefeso, que precisa de mimos, acessórios, atenção total, saiba que seu conceito sobre a espécie canina está distorcido. Isso fará mal ao animal, tornando-o um ser dependente, inseguro, infeliz, e muitas vezes agressivo.

AMAR OS ANIMAIS É RESPEITAR SUA NATUREZA. DEVEMOS CUIDAR, MAS SEM EXAGEROS. 

Mais informações sobre o Centro de Psicologia Canina Cantadeiro's Kennel acesse: 

https://www.facebook.com/cantadeiroskennel.com.br?fref=ts

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