Mendel e a ervilha

Mendel e a ervilha

“O ensino de ciências necessita do aporte da história das ciências para se efetivar como instrumento de alfabetização científica”. (Fourez, 1994)

Esta é uma síntese da longa história de um dos maiores cientistas que o mundo já teve: Mendel – o Pai da Genética.

Johan Mendel foi um monge agostiniano nascido em 1822 em Heinzendorf - hoje República Checa. De família humilde, filho de agricultores, conciliou seus estudos com o trabalho no campo. Seus pais não tendo como financiar seus estudos, Mendel entrou para o Mosteiro da Ordem de Santo Agostinho aos 21 anos, onde incluiu o nome Gregor – costume dos monges.

Para conseguir o certificado de professor efetivo nas escolas secundárias austríacas, Mendel foi avaliado em uma banca da Universidade de Viena, sendo aprovado em Física, mas, reprovado em Geologia e Zoologia. Segundo Freire-Maia, 1995, p.5., Mendel foi reprovado por “não atender à terminologia técnica e por expressar ideias pessoais não condizentes com a ciência tradicional”. Consideraram que Mendel não compartilhava a linguagem, o conhecimento e tão pouco a visão de mundo compatíveis e utilizados pelos membros avaliadores. Buscando aprovação, Mendel foi estudar Zoologia, Botânica, Paleontologia, Física e Matemática. Apesar de seu esforço, ele se desentendeu com a banca examinadora e não conseguiu o certificado para dar aulas. Com isso, Mendel foi um professor substituto de Ciências da escola de Brünn.

Exercendo a função de jardineiro no mosteiro, iniciou trabalhos de pesquisa com cruzamento de ervilhas. Testou mais de 30 espécies para somente uma ser utilizada. Realizou este trabalho árduo por 7 anos. O resultado disso foram 2 hipóteses que iria mudar a história da genética no futuro. As hipóteses foram publicadas em 2 artigos e apresentadas em duas conferências. Mendel descobriu que existiam fatores dominantes e recessivos que eram passados para as gerações seguintes das ervilhas. Os fatores são hoje conhecidos como genes. E os termos “dominante” e “recessivo” perpetuam.

Sobrecarregado com os cargos administrativos, Mendel abandonou seus experimentos. Publicou um livro com pouco impacto na comunidade científica. Foi ignorado e morreu no anonimato com 61 anos de idade decorrente de nefrite. Após sua morte, um monge queimou seus trabalhos.

Somente em 1900, outros pesquisadores comprovaram a procedência dos trabalhos de Mendel. Quem foi Mendel? Mendel é considerado hoje o PAI DA GENÉTICA. Ele descobriu a herança hereditária! Mas, como evidencia, não foi bem assim o rumo ao reconhecimento. Hoje, as conhecidas “Leis de Mendel” – base ao estudo de hereditariedade, eram apenas duas hipóteses refutadas pelos cientistas da época.

O que aprendemos com Mendel? O que me chama a atenção é o amor com que ele se dedicava às pesquisas. Ele realmente era um cientista! Observava, fazia anotações, testes, questionava, errava e tentava de novo..e de novo...e de novo. Não havia pressão.. ele e as ervilhas, apenas! A curiosidade e a paixão pelas Ciências o instigava mais e mais a explorar o que a Natureza apresentava. Mendel era um cientista espetacular! Não desistiu, mesmo diante dos confrontos com superiores. Acreditou no seu trabalho e mostrou isso formulando as duas hipóteses. Foi totalmente ignorado. Não recebeu nenhum aplauso, tão pouco esperava glórias para si.

Será que hoje, o Pai da Genética seria aceito como professor em uma grande Universidade? Reflita um pouco sobre a vida deste fascinante pesquisador. Teríamos muito mais a abordar, mas, gostaria de encerrar levando você a pensar que às vezes o que pode mudar a sua vida é uma pequena ervilha. Não ignore os pequenos começos.

 

Compartilhar: