Abaixo a culpa

Abaixo a culpa

Mãe que trabalha fora de casa influencia positivamente os filhos

  

Quase todas as mulheres se culpam enormemente quando têm que sair para trabalhar e deixar os filhos. É quase como se estivéssemos cometendo um sacrilégio, ferindo a santa áurea da maternidade - que nos orienta a pensar e zelar apenas pelo bem-estar da família, esquecendo de si mesma, de seus projetos pessoais e sonhos. Ainda segundo essas regras não escritas, ter um trabalho e gostar disso é um crime contra a família e os filhos. Será mesmo assim?

 

Recente pesquisa realizada pela Harvard Bussiness School, sob a coordenação da professora de administração Kathleen L. McGinn, avaliou as respostas de 13.326 mulheres e 18.152 homens de 24 países. Ficou comprovado que o fato de uma mãe trabalhar fora de casa não prejudica as crianças e pode até fazer bem aos pequenos.

Mas há um detalhe importante: foram analisadas mães que trabalhavam fora, com filhos menores de 14 anos, mas que nem por isso terceirizavam ou abandonavam suas crias aos cuidados dos pais ou de outros cuidadores. Nas famílias avaliadas, as mulheres exerciam múltiplos papéis e dividiam seu tempo entre a vida profissional e doméstica de forma bem equilibrada.

O estudo demonstrou ainda que o fato das meninas serem criadas por mulheres trabalhadoras influenciava positivamente as filhas de várias maneiras, especialmente na vida profissional adulta, aumentando a capacidade delas de conquistar cargos mais altos por mérito próprio, de ganhar salários mais altos, de exercer maior responsabilidade no trabalho e de balancear melhor a vida familiar e profissional, quando comparadas a filhas de mães que ficaram em casa. Já os meninos criados por mães trabalhadoras contribuem mais com os serviços domésticos e passam mais tempo cuidando de suas famílias.

  

A explicação

 Todos nós temos expectativas sobre o que fazer com nossas vidas. E muitas vezes utilizamos o modelo de nossos pais. Mesmo inconscientemente somos influenciados pelo exemplo das experiências vividas na infância.

Quando a mãe trabalha em casa, cuidando do lar e da família, mas também se permite a realização profissional e pessoal, ela mostra aos filhos que é possível viver diversos papéis sociais em equilíbrio.

Para as meninas, ter uma mãe bem-sucedida demonstra que é possível e bacana ir buscar uma outra fonte de realização que não apenas o casamento e a criação de filhos. Se a mãe consegue, ela também irá conseguir encontrar esse equilíbrio.

Para os meninos, a mensagem enviada por uma mãe que os ensina a colaborar com as tarefas do dia-a-dia é de que o trabalho fora de casa é tão importante quanto o trabalho dentro de casa. Ambos têm valor. Cuidar da casa não é serviço só para mulher, não! Se todos usufruem, todos devem ajudar. E isso fará do menino, um pai de família muito mais consciente e presente nos cuidados domésticos e com os filhos.

Quando há equilíbrio entre as diversas funções femininas, (mulher, amiga, filha, mãe, esposa, administradora do lar e profissional) todos ganham, especialmente nós mesmas.

Esse estudo diminui uma parte da horrível culpa que nos consome diariamente. E também nos diz que as mães devem se orgulhar de estar ensinando aos seus filhos que na vida as coisas só se constroem com esforço, perseverança e muito, muito trabalho pesado. Adorei!

  

Cada uma com suas escolhas

 Claro que não estamos aqui criticando quem optou por exercer integralmente o papel maternal.

Minha intenção é apenas usar os dados da pesquisa para reforçar que a maternidade pode ser vivida de várias maneiras. Existem múltiplas possibilidades. Não há mais mãe ou menos mãe.

Assim como não existe outra regra para ser uma boa mãe, que não seja fazer o melhor possível a cada momento, do melhor jeito que puder.

E, por favor, vamos fazer juntas uma coisa muito importante: queimar na fogueira da ciência o mito da mãe perfeita, ok?

 

Se quiser saber mais sobre a pesquisa, acesse: https://hbswk.hbs.edu/item/7791.html

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