
Fuja da solidão
A solidão da nova mamãe
O pós-parto que, neste caso, consideramos como o 1° trimestre de vida do bebê, é um momento muito delicado e intenso para nova família, para nova mamãe, especialmente na chegada do primeiro bebê.
É um momento de novas demandas, uma das fases mais duras e desafiadoras da vida familiar. Pois não é nada simples assumir a responsabilidade pela vida de um novo ser humano, e zelar pelo seu bem estar, segurança e conforto 24 horas por dia X sete dias por semana. Faz até os desconfortos da gestação parecerem fichinha!
Bebês saudáveis nas primeiras 8 semanas possuem ciclos de vida muito curtos. A cada 60-90 minutos os bebês se despertam, se alimentam e adormecem novamente. Isto é um grande choque na vida do casal, que possui ciclo de despertar/adormecer bem diferente, com boas e longas horas de sono noturno. Este fato – normal e esperado – exige uma drástica adaptação no biorritmo dos novos pais. O que não é nada fácil!
Neste período, muitas vezes, as necessidades maternas mais básicas, como dormir, comer, banhar e até ir ao banheiro, ficam em segundo plano, em nome do cuidado do bebê. Uma dura prova de amor e de doação.
Soma-se a esta terrível abstinência de sono, as alterações emocionais-fisiológicas do pós-parto (blues), e temos uma mescla explosiva. Ainda mais intensa, no caso de bebês com probleminhas de saúde – cólicas intensas, refluxo, alergia a leite de vaca, etc – onde as crises de choro são ainda mais persistentes.
Os primeiros 90 dias de vida do bebê é o período de adaptação do bebê à vida pós-útero e de adaptação da família as intensas necessidades do novo bebê. Tempo de aprendizado e doação, que para quem os vivencia não parecem três meses, mas sim, três anos.
Apoio Familiar é fundamental!
A presença de familiares, avós, tias, amigas ou primas afetuosas, que se coloquem à disposição para ajudar, sem se intrometer nas decisões do casal, oferecendo apoio emocional a nova mãe e novo pai, e apoio prático na rotina diária – nos cuidados da casa, no atendimento e “despacho” das visitas indesejadas, no auxílio com os irmãozinhos – fazem toda a diferença neste período.
Contudo, atualmente é raro a nova família encontrar apoio real em seus familiares e amigos. Não por falta de afeto, mas sim, por falta de disponibilidade dos mesmos. Pois, hoje em dia, até as avós trabalham e possuem uma vida social intensa. E, cada vez mais, os familiares próximos, se tornam visitas no lugar de cúmplices e “companheiros de luta” no pós-parto. Desejando serem atendidos – café e bolachinhas – e não arregaçar as mangas para lavar uma louça, ou fazer supermercado. O que é uma pena!
Antigamente não era assim. As famílias tinham um caráter mais grupal, não nuclear. As mulheres possuíam um pacto de ajuda mútua nos primeiros anos do bebê. As tarefas eram compartilhadas, as dificuldades eram resolvidas em grupo. A cultura e sabedoria eram transmitidas de geração a geração. Ai, que saudades daquele tempo!
Hoje os casais estão cada vez mais sozinhos em suas lutas, dúvidas e angústias. E, as mulheres durante a licença maternidade, cada vez mais isoladas em suas casas – que por mais linda e confortável que seja – parece uma prisão.
É fundamental quebrar este isolamento, buscar grupos de apoio e de troca de experiência. Ouvir e ser ouvida. Compartilhar com pessoas que estão na mesma situação. Verificar que as dificuldades não estão apenas na sua casa. E que não é só você que está sofrendo. Entender que você não esta louca ou, pelo menos, não está louca sozinha!
Estes grupos trazem esperança de um futuro melhor. Pois as mamães encontram outras mulheres que já sofreram as mesmas dificuldades, e que hoje estão bem melhores.
Amiga,
Não fique em casa sozinha durante este período. Venha compartilhar! Pois, acredite: há luz no fim do túnel, e os primeiros três meses, não duram para sempre! Eu Juro!
Com carinho e desejo de dias e noites melhores,
Dra. Lu
OBS: Na Aninhare todas as terças-feiras das 16h às18h acontece o Encontro pós-parto, grupo de apoio as famílias com bebês de zero a seis meses. Participe!