Perigoso e desnecessário: o famoso andador

Perigoso e desnecessário: o famoso andador

Olá, queridas leitoras!

Nesta semana, venho falar sobre algo aparentemente inofensivo, mas que, na verdade, é perigoso e desnecessário: o famoso andador.

Vocês sabiam que desde 2007, é proibido vender, importar, e mesmo fazer propaganda de andador para bebês no Canadá? Pois é, e apesar de ser ainda muito popular no Brasil, o andador não é recomendado por nós, pediatras. Eu, como mãe, entendo os vários motivos que levam os pais a optarem por andador, seja pela ideia de oferecer mais segurança às crianças (evitando quedas), mais independência (pela maior mobilidade), enfim, venho esclarecer de que esta ideia, aparentemente, inofensiva, é uma má escolha.

Segundo uma pesquisadora sueca, Ingrid Emanuelson, após inúmeras análises de casos de traumatismo craniano moderado em crianças menores de quatro anos, se constatou que o andador foi considerado o agente principal destes casos subindo ao ranking de o produto infantil mais perigoso, seguido pelos equipamentos de playground.

Traduzindo isto em números, a pesquisa chegou a alarmante conclusão de que, anualmente, são realizados cerca de dez atendimentos nos serviços de emergência para cada mil crianças com menos de um ano de idade, provocados por acidentes com o andador. A pesquisa ainda revela: “isto corresponde a pelo menos um caso de traumatismo para cada duas a três crianças que utilizam o andador. Em um terço dos casos, as lesões são graves, geralmente fraturas ou traumas cranianos, necessitando hospitalização. Algumas crianças sofrem queimaduras, intoxicações e afogamentos relacionados diretamente com o uso do andador, mas a grande maioria sofre quedas; dos casos mais graves, cerca de 80% são de quedas de escadas”.

O fato é que através do andador, damos uma independência aos nossos filhos numa fase em que eles ainda não têm a mínima noção do perigo. É como se entregássemos a chave do carro a um menino de dez anos. Um verdadeiro perigo, não é?

Outros fatores que essa pesquisa revelou são de que “ o andador atrasa o desenvolvimento psicomotor da criança, o que faz com que elas levem mais tempo para ficar em pé e caminhar sem apoio, além de engatinharem menos e terem desempenhos inferiores nos testes de desenvolvimento”.

Vou listar alguns tópicos sobre o uso do andador para que entendam os riscos oferecidos por ele:

  1. O bebê aprende a andar com uma postura inadequada, apoia as pontas dos pés ao invés do pé todo.
  2. Reduz o exercício físico realizado pelo bebê, pois a criança com andador gasta menos energia.
  3. Prejudica o desenvolvimento psicomotor.
  4. Gera mais quedas que o normal e aumenta o risco de acidentes, como queimaduras e afogamento.
  5. Oferece mais riscos de traumatismo craniano.

 

O ideal é colocar a criança para brincar no chão, em locais protegidos e com brinquedos seguros. Para as mamães e cuidadores de plantão que estão muito atarefados, e não tem disponibilidade de ficar mais tempo com o bebê, estimulando com exercícios corretos e dando a atenção que ele demanda nessa fase, aconselho que vocês o coloquem num cercado com brinquedos seguros, o popular “chiqueirinho” como é conhecido. Garanto que além de mais seguro é o mais correto a se fazer.

Bom, enquanto, apesar de todos os esforços da Sociedade Brasileira de Pediatria, esta lei não chega ao Brasil, conto com o bom senso de todas vocês, pois já deu para perceber o quanto este “inofensivo” aparato, pode, na verdade, causar traumas seríssimos, não é mesmo?!

Espero que tenham gostado!

Com carinho,

Dra. Lu

Compartilhar: