A eleição de 2022 será um plebiscito
Luís Fernando Scozzafave de Souza-Pinto
27 Set 2022 06:26
Bolsonaro sabe que vai perder, mas como sempre, nega.
E seus eleitores estão sendo manipulados a acreditarem nessa vitória já em 1 turno. Bolsonaro começou nesta semana uma maratona de lives diárias até as vésperas da eleição.
Recebi ontem de familiares bolsonaristas videos montados em deep fake, com Willian Boner apresentando uma pesquisa em que Bolsonaro aparece em primeiro lugar (farsa desmascarada aqui). O desespero tomou conta do lado de lá.
Pedir a derrota de Bolsonaro no primeiro turno não é capricho!
Eu, Cirista de coração (e sou!) pensava: “Mas que diabos querem me fazer votar no Lula? Quero votar no Ciro e ponto final”. Mas aí descobri que as eleições deste ano não são eleições, mas sim um plebiscito (explico mais adiante).
Se Bolsonaro for derrotado logo no 1 turno, haverá muita frustração e ódio nos bolsonaristas, muito chororô, mas o processo eleitoral finda no dia 2.
Haverá tumulto, provavelmente atentados e violência, mas os bolsonaristas serão pegos de surpresa e não terão muito tempo para se mobilizarem. Esse fator surpresa é importantíssimo!!
Caso haja segundo turno, a coisa vai ficar feia, pois, o ódio e a frustração vão tomar conta dos bolsonaristas que, morrendo de medo da volta do Lula/PT, vão cometer loucuras incentivadas, claro, por Bolsonaro. Serão 4 semanas de ódio e medo fermentando dentro da cabeça dos bolsonaristas, dos inofensivos e dos perigosos.
A maioria dos bolsonaristas são idosos e idosas ativos no whats. Mas existem bolsonaristas que se armaram até os dentes nos últimos anos (resultado das leis que desregularam a compra de armas e munições) e tem como líder um sociopata chamado Jair e outro chamado Donald.
Sabemos o que aconteceu nos EUA, certo? Podemos esperar algo do tipo, talvez não nas mesmas proporções acredito, mas o cenário que antevejo não é bom.
O plebiscito
Assim, as eleições de 2022 não serão eleições para escolhermos um candidato à altura dos nossos sonhos, mas sim, um plebiscito. Um plebiscito consulta o povo quanto a uma questão importante e pede um “sim” ou “não”. São apenas duas opções.
Sem colocar em questão se Lula ou Bolsonaro são corruptos ou não , se moralistas ou não, se conservadores ou não, se reacionários ou não.
Bolsonaro já provou ser um candidato antidemocrata.
1- Ele ataca o sistema por dentro cooptando instituições e desmontando-as (ministérios desmontados a qualquer momento, o IBAMA desarticulado, o ICMbio esvaziado);
2- Questiona sem provas o processo eleitoral do seu próprio país;
3- Agride e despreza a imprensa livre;
4- Flerta e admira a ditadura, a tortura e o desprezo a minorias.
E Lula não flerta com regimes antidemocraticos. Simples constatação.
Assim, Lula passou a representar a democracia e Bolsonaro o contrário disso.
O voto em Lula, passou a representar o voto SIM a democracia. Pasmem: Miguel Reale Jr. e Joaquim Barbosa recentemente expressaram apoio a Lula. Isso não é pouca coisa não!
Mas a democracia vai acabar?
Não acredito no fim da democracia para já, instantaneamente, por meio de golpe.
Mas acredito sim que o que está em jogo hoje é uma luta entre duas visões de mundo opostas. Bolsonaro representa uma visão de mundo autocrática, antidemocrática, conservadora, moralista, anti-ciência, militarista e religiosa.
Se eleito, como já vem fazendo, vai desmontar as instituições democráticas aos poucos, destruindo o "estado democrático de direito" e implantando um "estado autocrático de fundamentalismo religioso". Parecem pesadas as palavras.
O processo de desmonte da democracia está em curso e continuará. Há muita gente que apoia Bolsonaro - que em outros termos significa, não apoiar a democracia - ou não compreender sua importância. Prefeitos, governadores, deputados, senadores bolsonaristas estão a postos para trabalhar pela causa bolsonarista.
É isso que está em jogo em 2022: um sim ou não pela continuidade do regime democrático.
Seu voto em Bolsonaro significa um não a democracia.
