Carnaval, cinzas e Bukowski
Nesse carnaval, além de muito confete e espuma, vi crianças de mais ou menos 5 anos no palco da banda cantando e coreografando a tal música "Beijinho no Ombro" de Valeska Popozuda.
"Desejo a todas inimigas vida longa
Pra que elas veja (sic) cada dia mais nossa vitória"
Cantavam com tanta propriedade que me fez pensar: quais seriam as inimigas dessas garotas de 5 anos?
Até aí tudo bem... Insisto em acreditar que as crianças possuem uma espécie de mecanismo reparador, que às protege da influência dos adultos.
Mas aí vejo o coral da Faculdade de Direito da USP-SP cantando a tal música...
Afinal, não há melhor maneira de recepcionar os calouros do que cantar:
"Não sou covarde, já tô pronta pro combate
Keep Calm e deixa de recalque
O meu sensor de periguete explodiu
Pega sua inveja e vai pra…"
Isso! A USP precisa se modernizar... e esse negócio de cultura erudita já deu no saco! sim, sim...
É carnaval e ano de copa do mundo... e apesar de insistirmos que o Brasil é muito mais que bunda e futebol, não fazemos muito mais do que afirmar isso para o mundo sempre que possível (Sim, nos preocupamos muito com as camisetas que a Adidas vai vender).
Mulheres são enfeites. São recalcadas, invejosas ou piriguetes, incapazes de sentir amizade, só tesão. Homens bebem sua cerveja barata com o a barriga e a cara inchada.
Eu, me sentindo "recalcado", esperava o momento em que a banda voltasse a tocar marchinhas de carnaval. Saudoso de um tempo em que não vivi... e que devia ser a mesma porcaria... até pior, quem sabe?
Lembro-me do poeta Charles Bukowski.
“A maior parte do mundo estava doida.
E a parte que não era doida era furiosa.
E a parte que não era doida nem furiosa era apenas idiota.”